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A retomada da economia de Araraquara pede inteligência e autonomia

"Araraquara registrou, pelo quinto mês consecutivo, saldo negativo na geração de empregos para o mercado formal. Desde janeiro de 2020 foram fechadas 2.174 vagas com carteira assinada"

Tenho dito que o tempo, pós pandemia da Covid-19, vai exigir de todos nós a capacidade de sermos responsáveis e humildes ao mesmo tempo. Humildade para olhar o passado compreendendo o que foi feito de bom e revendo os erros para, só assim, ter responsabilidade ou juízo para com o futuro, incluindo nossa Araraquara. Mas, olhando a última polêmica levantada por um vereador, assumo que ainda é pouco. Além de juízo e humildade, é preciso ter inteligência e autonomia.

Não é possível assistirmos às dificuldades inúmeras que as empresas estão passando – tal como os trabalhadores e trabalhadoras – pela incerteza do momento e dedicar tempo (pago com dinheiro público) e energia para criticar e gerar polêmica contra propaganda de uma empresa de cosméticos.

Araraquara registrou, pelo quinto mês consecutivo, saldo negativo na geração de empregos para o mercado formal. Desde janeiro de 2020 foram fechadas 2.174 vagas com carteira assinada. A abertura de novas empresas registrou queda de 42,4% neste período de isolamento social. Demissões em todos os setores foram registradas. As empresas, que ainda resistem, estão com dificuldades para quitar suas principais despesas (folha de pagamento, aluguel e energia, por exemplo), da mesma forma que não conseguem acessar aos programas, empréstimos e refinanciamentos divulgados pelo Governo Federal.

Estamos diante do maior desafio desta geração e os políticos, aqueles cidadãos eleitos para pensar, articular e propor caminhos para os problemas de todos nós, deveriam dedicar 24 horas do seu tempo para esta tarefa. Não é e não deve ser única responsabilidade jogada no colo do Prefeito de Araraquara ou de qualquer outro chefe do Executivo, estadual ou federal. A responsabilidade deve ser compartilhada com todos aqueles que se pré-dispuseram nos processos eleitorais a ocupar mandatos políticos.

Principalmente, os que estão no Legislativo que detém maior privilégio de tempo, frente ao Executivo e Judiciário e de assessoria especializada. Diferente dos outros dois que devem trabalhar com as demandas do dia a dia das políticas públicas e dos embates jurídicos, a Câmara Municipal, por exemplo, poderia hoje, com mais recursos disponíveis, liderar o processo de construção de um plano de retomada do desenvolvimento local.

No entanto, para fazer isso é preciso, além de juízo e humildade, autonomia e inteligência. Autonomia para pensar, falar e fazer para além de amarras político-eleitorais, significa ter liberdade com compromisso público. Somada à inteligência política – não é a diplomada -, que é capaz de construir ambiente de diálogo com todas as forças vivas da sociedade, do setor público, do setor privado, do terceiro setor, da universidade, movimentos sociais e todos os mais que o leitor pensar. É inadmissível vermos algum político que não esteja inteiramente compromissado com esta imensa tarefa coletiva.

Matheus Santos

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