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A terapêutica da arte

"Estudiosos já refletiram sobre o poder da arte e o quanto dar-se o direito de brincar com as sensações é transformador."

"E que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba…", foi o que Oswaldo Montenegro compôs de forma tão certa e perspicaz.

Em nossa vida pós-moderna é cada vez menor o valor da arte e sua presença, porque erroneamente a arte se tornou sinônimo de ter tempo e tempo é caro, é pouco e é raro pra nós.

Num mundo globalizado, capitalista e efêmero é quase impossível resistir à tentação de não parar e não se envolver com o que vem de dentro, com o que fala através dos símbolos inconscientes e, principalmente, com o que pode ser tão caro pelo valor da verdadeira revelação que existe escondida dentro de nós.

Dividimo-nos entre as aulas de geografia e matemática; Consideramos o vestibular do filho que nasceu há pouco, preocupados com o futuro que está na fase embrionária e muitas vezes deixamos a arte de lado, desconsideramos seu valor criativo, transformador e curativo.

A arte tem o poder de exprimir o que conscientemente não conseguimos e, portanto, ela é terapêutica, essencial à qualidade de nossas vidas hoje tão corridas, tão voltadas ao relógio e à tecnologia.

Quando falo arte, não estou me referindo à estética, mas sim ao ato expressivo de criar, ao momento sagrado de parar e aconchegar nossas dores através da libertação da mente, das mãos, dos corpos.

Seja uma escultura não tão simétrica, uma dança descompassada, um acorde desafinado, uma pintura borrada… o ato de pararmos e ficarmos algumas horas longe do relógio, fixados em nós, atentos ao que podemos sentir, longe de todo o conceito de um mundo globalizado e rápido, faz toda diferença no modo em que vivemos e respiramos a vida.

Estudiosos já refletiram sobre o poder da arte e o quanto dar-se o direito de brincar com as sensações é transformador.

Crianças que crescem num universo voltado à liberdade do sentir e à liberdade das expressões se tornam adultos mais calmos, mais autênticos e mais satisfeitos consigo e com a própria vida.

A arte faz com que novas potencialidades sejam descobertas, gera maior confiança e faz crescer a auto-estima.

A arte é estruturante e infelizmente em nosso mundo atual está muito aquém de seu verdadeiro valor.

Aos nossos filhos, devemos dar a chance de que conheçam essa terapêutica forma de brincar e de crescer. A nós, os adultos, devemos tentar um passo novo, devemos criar a coragem de estacionar o carro e pedir um pacote de argila. Devemos ter a coragem de ficar conosco e escutar nossas emoções, é um direito esquecer por algumas horas o mundo lá fora e é transformador escutar o mundo de dentro.

Aos idosos, que se redescobrem através da arte, às futuras mães que aliviam suas ansiedades, aos doentes que curam suas dores.
Experimentemos colocar mais arte em nossas vidas. A educação falha quando exclui a arte e a filosofia. Ela fica pensa e gera filhos desequilibrados.

Uma educação que exclui a natureza do pensar e do sentir não é completa.

Enquanto nos unimos aos professores que lutam pela sobrevivência do pensar e da reflexão como objeto de transformação do mundo, experimentemos a arte.

O que você gostaria e nunca fez? Um bordado? Um quadro? Uma dança? Uma poesia? Uma canção?

Só é possível mudar o mundo através de muita luta, inteligência e persistência.

A arte nos ensina isso, ela nos leva à isso, assim como Aristoteles acredita ser a arte a harmonia de todas as partes, nem a vida e nem a educação podem ser incompletas.

Todos somos artistas, não é a estética que define isso. As fases artísticas podem mudar, sua rica essência não.

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