O FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara teve início na última quinta-feira (19) no Teatro Municipal, reunindo autoridades, artistas, interessados em dança e público geral. O festival é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura e Fundarte, com o apoio da UNESP, Sesc Araraquara, Senac Araraquara, Casa Pipa, Instituto Federal São Paulo – Campus de Araraquara, UFBA – Universidade Federal da Bahia e Departamento de Cultura da Prefeitura de Matão.
A abertura contou com solenidade e a apresentação do espetáculo “Ancestralidade em Movimento”, com o GDC-UFBA (Grupo de Dança Contemporânea da Universidade Federal da Bahia), que apresenta um texto de Ailton Krenak adaptado por Edileuza Santos, que assina também direção geral, concepção e coreografia.
A programação gratuita do FIDA segue até o dia 29 de setembro com espetáculos, oficinas, rodas de conversa, lançamento de livro, performances – entre outros. Em sua 24ª edição, o FIDA garante sua prevalência por meio da capacidade de se reinventar e dialogar com diversas linguagens e grupos e, neste ano, presta homenagem a Nego Bispo – mestre, lavrador, quilombola e professor, através do tema “Danças e Confluências”.
A frente de honra da solenidade de abertura foi composta pela secretária municipal de Cultura, Teresa Telarolli, representando o prefeito Edinho Silva; secretária municipal de Educação, Clélia Mara dos Santos; diretora executiva da Fundarte, Carolina Guimarães; Prof. Dr. Alexandre Campos, representando a Diretoria da Unesp Araraquara; diretor da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, Antrifo Sanches; diretor geral do Instituto Federal São Paulo – Campus de Araraquara, Fábio José Justo dos Santos; gerente dos SESC Araraquara, Rafael Barcot Tintor; Fernanda Galindo Acre, representando o SENAC Araraquara; Douglas Aranha, representando a Casa Pipa (Matão); Mabê Henrique, gerente de eventos do Departamento de Cultura da Prefeitura de Matão e a idealizadora, diretora e curadora do FIDA, Gilsamara Moura.
Realizado normalmente desde 2001, o FIDA, hoje, traz uma proposta dialógica e democrática nos modos de ser em dança. Sua concepção segue uma linha concepcional desde 2017, ano em que Gilsamara Moura, docente e atual vice-diretora da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, (UFBA) retorna como curadora convidada.
“Esta é uma edição bastante especial, em que homenageamos Antônio Bispo do Santos, o Nego Bispo. Ele tinha dito que estaria aqui nesta edição, isto foi ano passado, mas ele se encantou em novembro”, lembrou Gilsamara. Ela conta que o festival tem a honra de receber a filha de Nego Bispo, Joana Maria e também Mestre Naldinho. “Duas pessoas que moram no Quilombo, no Piauí, e a presença destas pessoas é tão representativa para nós, porque o Festival de Dança vem construindo uma trajetória que é: a dança não é separada da vida. Aquilo que a gente faz no nosso cotidiano, é aquilo que a gente acredita. Então, aquilo que a gente acredita é aquilo que a gente faz dentro da sala de aula, no palco e construindo a dança que a gente acredita para esse país, pois ela é transformadora.”
O diretor da Escola de Dança da UFBA, Antrifo Sanches, agradeceu por estar no festival com o GDC-UFBA na abertura do FIDA. “É um grupo que existe desde 1965 e que faz parte da formação dos nossos estudantes. O que a gente vai trazer hoje aqui é uma Bahia preta. Uma Bahia de culturas pretas, que faz o nosso Estado ser único. Vocês vão assistir uma dança de pretos e eu tenho a certeza que vocês vão gostar do que vão ver.”
Antrifo lembrou que, na tarde de quinta, foi realizado o lançamento da Licenciatura em Dança. “Fizemos o lançamento também de mais uma parceria aqui com a Araraquara: o nosso curso de Licenciatura em Dança, por ensino à distância. Então teremos o ‘polo de Araraquara’, o primeiro polo fora do estado da Bahia.”
Para a secretária da Educação, Clélia, “só temos a agradecer essa pujança, essa vivência e essa arte nobre de fazer cultura, de produzir cultura, de ser cultura e abrir espaços para a arte, porque a arte é vida, é a arte que nos move e eu fico muito feliz de, representando a Educação aqui, poder compartilhar esse mesmo espaço, porque na educação, lá no chão quente da escola, também é lugar de produção de cultura. Também é um lugar de produção de arte, de dança e de todas as formas de expressão. Porque a gente não pode falar de um sujeito inteiro, se a gente oferece uma educação pela metade.”
Clélia reforçou que Araraquara terá mais uma oportunidade de vivência. “Este sonho tão sonhado, que está no por vir, é a Licenciatura em Dança. Todos vocês estão convidados a experimentar, a partir de 2025, essa oportunidade via o nosso polo de universidade aberta aqui em Araraquara – PEMSA (Polo de Ensino Municipal Superior Araraquara) que vai estar de portas abertas, nesta parceria com a UFBA.”
Teresa Telarolli, secretária de Cultura, agradeceu todos os parceiros envolvidos na realização do FIDA 2024 e fez uma saudação a Gilsamara, lembrando que ela é “uma referência à cultura”, já que faz parte das diversas gestões do prefeito Edinho Silva. “É muito mais do que uma aliada ideológica, felizmente é uma agente cultural, é uma militante cultural das artes cuja presença é essencial, cujo trabalho é essencial para que a gente esteja aqui. Então, a Gilsa é referência, é exemplo.”
Sobre o FIDA, Teresa apontou que “quando a gente fala que um festival do interior do Estado de São Paulo tem 24 anos, a gente está falando de uma manifestação de resistência. Também, o FIDA é sintonizado com a perspectiva da não acomodação e não permite que nos instalemos na zona de conforto – ele é provocativo, ele é instigante. A potencialidade de incomodar, tendo o incômodo como forma de reflexão… é o impasse como semente do movimento, como semente do pensamento.”
Gilsamara Moura fechou a solenidade convidando a indígena baiana Maria Flor Guerreira Pataxó para acompanhar a equipe do FIDA 2024 até o palco, munida de seu manacá. Flor Guerreira conduziu o grupo e, todos, foram ovacionados pela plateia.
Fotos: Divulgação
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