Após um ano muito bom para o futebol feminino, a organização da modalidade ganhou um reforço. Ana Lorena Marche chega para ser coordenadora de futebol feminino na FPF. Antes disso, vinha de três temporadas na mesma função na Ferroviária, ajudando a equipe a se manter em alta nas competições.
Em começo de temporada e de sua atividade na nova função, Ana Lorena analisou o que a Federação consegue extrair dos números positivos e da visibilidade do futebol feminino em 2019, principalmente com as empresas que vão querer estar ligadas a modalidade, fazendo o capital girar.
“Você coloca empresas sendo vistas, então isso acaba tendo retorno financeiro para a Federação, para os clubes e vai girando. Tendo retorno financeiro para os clubes, melhora o dia a dia das meninas, mais profissionalismo, que melhora a qualidade do jogo e mais gente vai querer ver. A jogadora vai ser cada vez mais profissional. Hoje em dia uma parte já consegue viver disso, mas ela vai viver profissionalmente, com todos os recursos. Não é só bem visto e bonito, mas isso também vai mudar a rotina.”
No Campeonato Brasileiro, de 16 clubes, oito são paulistas. Para Lorena, a Federação tem um papel muito importante no incentivo e no apoio aos clubes, além do calendário manter as jogadoras em atividade por boa parte da temporada. “É um campeonato muito longo e muito difícil de ser disputado. Isso eleva o nível dos times paulistas e quando eles chegam no Brasileiro, eles conseguem ter essa visibilidade, conseguem exercer um desempenho melhor. Tem alguns estaduais que acontecem em um mês, então um time fica muito tempo sem jogar. Os oitos clubes no nacional são total reflexo do trabalho feito dentro da Federação.”
Recentemente, o Corinthians anunciou a contratação da volante Andressinha, que estava jogando nos Estados Unidos. Lorena vê o retorno de jogadoras da Seleção como uma mostra de que o mercado feminino vem crescendo dentro do Brasil, mostrando o profissionalismo que a modalidade está alcançando, e que isso é importante para a categoria de base.
Sobre os grandes estádios receberem o futebol feminino, Lorena acha que é fundamental para o torcedor associar o elenco feminino com o time, já que joga na casa do clube. “É o palco dos clubes, é onde ele respira o futebol do clube. Ele quer ver dentro da casa dele. Então associa aquelas meninas já com o sentimento do torcedor. Pode ser em treino, pode ser em jogo, é muito importante. Isso cativa o torcedor, mas vou ter que continuar cativando para que ele continue cada vez mais acompanhando aquelas jogadoras.”
Com Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo cada vez mais envolvidos com a modalidade, Lorena prevê dificuldades aos times do interior, mas crê que existe um caminho: profissionalismo. “Para conseguir competir com os times de camisa, as equipes do interior vão ter que ter profissionalismo, em todos os sentidos. Não é só na carteira assinada, é nos recursos que o clube vai dar para elas, como alojamento, alimentação, departamento médico, além dos recursos humanos, para que a atleta olhe e pense que vai se desenvolver. Se esses clubes se profissionalizarem, eles vão conseguir competir assim.”