Todo dia é dia de feira e de apreciar as delícias gastronômicas e as belezas do artesanato local das cidades do Brasil. Esses profissionais, tão importantes para o dia a dia da população, são os responsáveis por levar ao público a memória e a continuidade de saberes, fazeres, produtos e expressões artísticas tradicionais. Local de trabalho dos feirantes, as feiras compõem as tradições brasileiras e têm relevância na composição cultural do país. Algumas delas possuem o reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como sendo Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
O Nordeste possui duas feiras que são consideradas Patrimônios Culturais: são elas as feiras de Caruaru (PE) e de Campina Grande (PB). A feira de Caruaru é um lugar de memória das expressões artísticas e produtos tradicionais que continuam vivos no comércio de gado e de couro, nos brinquedos reciclados, nas figuras de barro, nas redes de tear, nos utensílios de flandres, no cordel, nas gomas e farinhas de mandioca, nas ervas e raízes medicinais.
Ela surgiu em uma fazenda localizada em um dos caminhos do gado, entre o sertão e a zona canavieira da região, onde pousavam vaqueiros, tropeiros e mascates. Sem a dinâmica e o comércio da feira, os saberes e fazeres tradicionais provavelmente não se manteriam ou seriam menos divulgados na atualidade.
A feira de Caruaru cresceu a partir do fortalecimento de ações comerciais. Ela é considerada uma feira livre em que milhares de pessoas frequentam na busca de produtos como carne, frutas, verduras, cereais, flores, raízes e ervas, panelas, utensílios de barro, calçados, vestuário, ferramentas, móveis e eletrodomésticos usados, além de ferro velho. Artigos típicos da cultura nordestina e a culinária da região também fazem parte dos itens que são encontrados no local.
Desde 2017, a feira de Campina Grande também está na lista de Patrimônios Culturais do Brasil. Conhecida como “Feira das Feiras”, de acordo com o Iphan, o local é histórico, tendo seu início marcado no século 18. De lá para cá, a feira cresceu e se tornou uma referência de mercado da região, marcando a vivência coletiva de milhares de trabalhadores e exercendo influência em todo o interior nordestino.
Aproximadamente 75 mil metros quadrados dão base à Feira de Campina Grande, que cada vez mais se amplia entre ruas e barracas nos dias de maior movimento, demonstrando sua força econômica e turística.
Frutas, hortaliças, cereais, ervas, carnes, animais (vivos ou abatidos), roupas, flores, doces, artesanato, acessórios para pecuária, comida regional e serviços: a diversidade de produtos da feira é diversa e atrai diferentes tipos de públicos. O local também é marcado pela presença de personalidades da cultural popular, como seleiros (que fabrica selas), vendedores ambulantes, barbeiros, balaieiros (que fabrica balaios), raizeiros, fateiros (vendedor de miúdos de animais) e outros mestres de saberes e ofícios tradicionais.
Já Belém (PA) concentra o maior mercado a céu aberto da América Latina: o Ver-o-Peso. Fundado em 1687, o local é um ícone e parada obrigatória de visitantes que estão na região Norte. Histórico, o mercado, localizado às margens da baía do Guajará, é uma viagem ao passado com os traços da rotina do presente, sendo uma herança do século 18 e ajudando a desvendar a cultura amazônica.
Uma visita ao mercado é um embarque às belezas e tradições do Pará. Frutas, sementes, farinhas e salgados são algumas das especialidades que o Ver-o-Peso oferece a quem o visita. Além desses itens, no local são encontradas plantas medicinais, frutos do mar e temperos da região, como o tucupi. Ainda há no Complexo os mercados de peixes e do açaí, e muitas barracas onde é possível provar os produtos e pratos locais, como o açaí com peixe frito, o tacacá, e sucos de frutas da região amazônica.
A mistura de tradições e a herança da cultura indígena, em especial na culinária e no artesanato, são marcas encontradas no Ver-o-Peso. Esse fator mantém as raízes do Brasil vivas, fazendo com que o mercado seja um importante elemento da cultura e da história nacional.
Por Nayara Oliveira
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo