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Prefeitura de Araraquara vira “gabinete de crise” e Lula anuncia intervenção no DF

O presidente da República visitou uma das áreas atingidas pelas chuvas, mas suspendeu a agenda enquanto acompanhava os atos terroristas em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou a cidade de Araraquara neste domingo (8). Inicialmente, a comitiva presidencial, que inclui ainda a presença dos ministros das Cidades, Jader Filho, e da Integração e Desenvolvimento Federal, Waldez Góes, cumpriria uma agenda em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região no fim do ano passado e que provocou uma série de danos, como o desabamento de uma ponte, na Avenida 36, que resultou na morte de seis pessoas.

Após passar rapidamente pelo local da tragédia, o presidente Lula recebeu informações de Brasília sobre a invasão às sedes dos Três Poderes. A partir de então, o presidente se dirigiu à Prefeitura de Araraquara, onde discutiria com o prefeito Edinho Silva as medidas do Governo Federal para ajudar o município com as obras de recuperação, e instalou um gabinete de crise. Durante mais de duas horas, Lula recebeu informações sobre a situação na capital federal, reuniu-se com ministros e, da sala de imprensa do sexto andar do Paço Municipal, fez o primeiro pronunciamento à nação após os atentados contra a democracia. Lula anunciou uma inédita intervenção Federal no Distrito Federal, governado por Ibaneis Rocha.  

O presidente da República leu na íntegra o decreto que prevê a intervenção na área de segurança pública do Governo do Distrito Federal (GDF) (assista na íntegra). Segundo o decreto, o prazo da intervenção vai até 31 de janeiro de 2023.

“Essa intervenção está limitada à área de segurança pública, com o objetivo de conter o grave comprometimento da ordem pública no DF, marcado pela violência contra prédios públicos”, disse Lula durante viagem que faz a Araraquara (SP).

A intervenção será comandada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, subordinado diretamente à Presidência da República. “O interventor poderá requisitar recursos financeiros, tecnológicos, estruturais necessários a quaisquer órgãos”, acrescentou Lula.

Segundo o decreto, leis que não tiverem relação com segurança pública permanecem sob responsabilidade do governo local.

Antes de assinar o decreto, o presidente condenou os atos antidemocráticos que tomaram conta da Praça dos Três Poderes e disse ter havido falha de segurança. “Achamos que houve falta de segurança. Queria dizer para vocês que todas as pessoas que fizeram isso serão encontradas e punidas. Eles vão perceber que a democracia garante o direito de liberdade, de livre comunicação e expressão, mas vão exigir que as pessoas respeitem as instituições criadas para fortalecer a democracia”, declarou.

O presidente prometeu que todas as pessoas que participaram da depredação serão punidas pela lei e chamou de irresponsáveis os atos antidemocráticos. “É importante lembrar que a esquerda brasileira teve gente torturada, morta, desaparecida. Nunca vocês leram notícias de gente de esquerda invadindo o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto”, disse.

“Essa gente tem de ser punida, inclusive vamos descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram a Brasília, e todos eles pagarão com a força da lei pelo gesto de irresponsabilidade, esse gesto antidemocrático e esse gesto de vândalos e de fascistas”, declarou o presidente, que classificou de barbárie a invasão das sedes dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal informou que todas ações da PMDF têm, por base, orientações que são determinadas pelas autoridades de segurança do Governo do Distrito Federal, e responsabilizou eventuais falhas de planejamento nas ações de proteção à Praça dos Três Poderes à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. A secretaria tinha à frente o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, que foi exonerado há pouco pelo governador Ibaneis Rocha.

Interventor federal

Pelo Twitter, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o secretário Ricardo Cappelli já se deslocou para assumir a intervenção na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. “E seguimos com as operações cabíveis visando ao restabelecimento da ordem pública”, completou o ministro.

De acordo com informações do ministério, Cappelli é jornalista, especialista em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e atua, há 22 anos na administração pública. Ele já atuou como secretário municipal, secretário estadual e secretário nacional em áreas diversas no estado do Maranhão.

Luis Antônio
Luis Antônio
Jornalista. Formado em Ciências Sociais e Letras pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Mestre em Estudos Literários. Apresentador e editor do Jornal da Morada, da Rádio Morada FM 98,1
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