As Olimpíadas de 2024, que serão sediadas em Paris, na França, contarão com uma nova modalidade: o breaking, estilo de dança também conhecido como break dance, que é um dos elementos da cultura hip hop. O novo esporte foi incorporado ao quadro de disputas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) com o propósito de trazer a audiência dos jovens para a competição. Na edição de Tóquio em 2020, o surfe e o skate também cumpriram essa função. Com essa definição, Araraquara se adianta para formar uma equipe de competição de base de breaking por meio das Oficinas Culturais.
Nesta segunda-feira (6), o professor de breaking e gestor do CEU das Artes, Ricardo Leão Bonifácio, participou do programa “Canal Direto com a Prefeitura” e falou sobre o assunto. “O Projeto Breaking é uma junção da Secretaria de Cultura e a Secretaria de Esportes e Lazer para dar início a uma equipe formada por quatro dançarinos, que a partir de agora, com a mudança de termo, passam a ser chamados de atletas. Vamos compor essa equipe com o que os meninos sabem fazer de melhor, que é dançar e levar o nome de Araraquara”, explicou.
O professor também comentou sobre o impacto positivo que o breaking traz para quem o pratica. “O breaking, que agora é uma dança esportiva, já foi muito marginalizado e sofria muito com falta de estrutura como atendimento médico, por exemplo, ou seja, cada um se cuidava no local mesmo. Com esse atrativo de ser uma modalidade olímpica, queremos agora trazer novos adeptos e com isso gerar novos dançarinos, b-boys e b-girls. Hoje, quando eles entram para o esporte, eles encontram mais recursos como psicólogo, academia, plano de saúde e vários outros pontos que vão melhorar a estrutura”, apontou.
Segundo Ricardo, o modo de trabalho da equipe também está em construção. “À princípio, seguimos o plano do CNDD, que é o Conselho Nacional de Dança Desportiva do Brasil, que concordaram que não existe tempo hábil para fazer uma seletiva. Nós também fomos por esse rumo e vamos acertando aos poucos. Pegamos os b-boys e b-girls que têm mais eventos ganhos e que se destacaram em eventos durante o último ano e os chamamos para uma conversa. Ainda estamos nesse trâmite para chegarmos a uma definição”, acrescentou.
O professor falou também sobre a formatação do calendário da equipe. “Como é uma modalidade nova, algumas competições como os Jogos Regionais e algumas outras ainda não a colocaram em suas grades de disputas, por isso no começo será mais uma demonstração. O foco maior será em dois campeonatos onde os atletas obtêm suas colocações, que são da WDSF, que é um órgão localizado na Suíça, que regula a modalidade. Essa competição definirá os atletas que entrarão no time do Brasil, que é um excelente time comandado pelo Bispo e pela Lu na CNDD Breaking. Esses dois eventos acontecem em abril no Rio de Janeiro e em agosto em São Paulo. Vamos treinar para essas competições por enquanto e futuramente estaremos inseridos nos outros jogos que aderirem à modalidade para termos uma participação bem forte da cidade de Araraquara”, assegurou Ricardo, que destacou que a meta é levar meninos de Araraquara para a equipe do Brasil.
Ele pontuou ainda que a definição do breaking como uma modalidade olímpica traz um novo padrão de comportamento para o esporte. “Quando falamos de cultura, o b-boy ou b-girl vai a uma festa, vai dançar e curtir. A partir do momento em que ele se torna um atleta no âmbito esportivo, teremos toda aquela regulamentação do esporte. Vamos seguir todas as regras de alimentação, antidoping, dormir cedo e ter seu condicionamento físico impecável. O físico predomina muito no breaking e vamos seguir as regras da WDSF, que repassa para o COB e a CNDD repassa para os filiados, ou seja, as regras serão para todos. Como é algo muito recente, ainda virão muitas mudanças e adaptações”, mencionou Ricardo, que é um dos dois jurados internacionais de breaking do Brasil.
Ele observou ainda que a ideia é que a captação de atletas saia das Oficinas Culturais de Breaking. “Teremos as pessoas que vão analisar e saber como trabalhar melhor o menino, a menina, e será como uma seletiva. Estamos aqui para somar com a cultura hip hop, que mais uma vez mostra porque está aqui, mostra porque tem uma ideologia, mostra que salva vidas e agora mais ainda como um esporte olímpico”, concluiu Ricardo.
Vale destacar que o programa gratuito Oficinas Culturais Municipais, realizado pela Prefeitura de Araraquara por meio da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, a partir desta segunda-feira, 6 de fevereiro, abriu inscrições para as atividades que serão realizadas no CAOF – Centro de Artes e Ofício Judith Lauand, localizado nos Altos da Vila Xavier. Entre elas está o breaking, que será ministrado pela educadora Naiara Pedroso às sextas-feiras, nos seguintes horários: das 16h30 às 17h15 (iniciante de 6 a 11 anos), das 17h30 às 18h30 (iniciante a partir de 12 anos) e das 19h às 20h (avançado).