Nesta quarta-feira, 12 de abril, data em que se comemora o aniversário de 73 anos da Ferroviária, a Câmara Municipal de Araraquara recebe uma sessão solene marcada para as 14 horas, que marcará a entrega do título de Cidadão Araraquarense para Antônio Carneiro “Bélier”, também conhecido como Poeta Afeano.
A solenidade contará com transmissão ao vivo pela TV Câmara, pela página da Câmara de Araraquara no Facebook e também pelo canal da Câmara no Youtube.
A história de Antônio Carneiro
Antonio Carneiro, o poeta Bélier, é um torcedor diferenciado. Seu amor pela Ferroviária seria facilmente explicado se ele tivesse nascido em Araraquara ou se tivesse acompanhado sempre de perto a trajetória da nossa Locomotiva Grená, mas não foi isso que aconteceu. Nascido no Rio de Janeiro, nunca morou no estado de São Paulo, mas desde a infância é ligado a todas as notícias da equipe araraquarense e hoje, aos 67 anos, mesmo morando em Portugal, tem a Ferroviária como inspiração para suas poesias.
Mas de onde vem tanta paixão e identificação por um time de futebol de uma cidade tão distante de suas origens e de seu presente? Em visita a Araraquara, ele conta que tudo começou em 1956, ano em que a equipe grená venceu por 6 a 3 um jogo histórico com o Botafogo de Ribeirão Preto e subiu à principal divisão do futebol paulista, notícia que foi anunciada por grandes veículos de comunicação da época, entre eles a lendária revista ‘O Cruzeiro’. Antonio, que tinha nove anos de idade, estava no cabeleireiro e folheava a revista quando teve seu primeiro contato visual com a Ferroviária.
O garoto havia acabado de desistir de acompanhar o Campeonato Carioca, que segundo ele, naquela época era marcado por atuações da arbitragem que ‘direcionavam’ os títulos sempre para os times grandes e que faziam dos times pequenos verdadeiros ‘bobos da festa’. “Comecei a acompanhar aquele time de Araraquara e percebi que o futebol paulista não era previsível como o carioca, pois os times grandes sofriam muito para vencer os times do interior”, conta.
Descobriu as ondas tropicais da Rádio Cultura e passou a acompanhar, do Rio de Janeiro, cada jogo da Ferroviária no Paulistão. Ficava cada vez mais empolgado com os feitos da equipe, que na Fonte Luminosa batia times grandes como o consagrado Santos da ‘Era Pelé’. Passou a trocar correspondências com radialistas e com dirigentes da Ferroviária. Veio a Araraquara pela primeira vez em 1972, quando conheceu a Fonte Luminosa e os amigos radialistas.
O tempo foi passando e seu amor pelo time crescia ainda mais. Pegava trem no Rio de Janeiro até à cidade de São Paulo para acompanhar jogos da Locomotiva pelo Paulistão. Quando não era possível ir ao estádio, ‘colava o ouvido’ na Rádio Cultura.
O afeano estudou, se tornou engenheiro eletrotécnico, se casou, formou sua família e se aperfeiçoou dentro de sua profissão, até que em 1993 ele recebeu um convite para morar e trabalhar em Portugal. O salário era atraente e se mudou com a família para Vila Nova de Gaia, cidade onde educou seus três filhos e, apesar da distância, continuou acompanhando o time, mesmo nos momentos mais difíceis como a queda para a quarta divisão estadual.
Antonio também se especializou na arte de escrever. Publicou nove livros, alguns sobre temas técnicos de engenharia, outros sobre Elvis Presley – sua outra paixão – e outros sobre poetas que o inspiraram, como Camões e Bocage. Todas as obras foram dedicadas à Ferroviária. A Locomotiva também foi a inspiração de sonetos criados por ele. Cada jogo resulta em uma poesia.
O engenheiro eletrotécnico de 71 anos, que também é conhecido em Araraquara por Poeta Afeano, também já recebeu uma homenagem no Museu de Reminiscências Paschoal Gonçalves da Rocha, onde foi presenteado com uma placa e uma medalha. A homenagem foi feita pelo grupo Filhos do Paschoal.
Foto: André de Souza/Portal Morada