Ex-acionista majoritário da Ferroviária, o empresário Saul Klein foi condenado pela Justiça do Trabalho de São Paulo nesta sexta-feira (14) a pagar R$ 30 milhões por explorar sexualmente e aliciar pessoas em condições semelhantes à escravidão, de acordo com o Ministério Público do Trabalho.
A decisão, proferida pela 4ª Vara do Trabalho de Barueri, é a segunda maior indenização por danos morais coletivos relacionados ao trabalho escravo e maior por tráfico de pessoas em todo o país, segundo o MPT. O caso está sendo mantido em sigilo para proteger a identidade das vítimas, e o número delas não foi divulgado pelo MPT.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, as mulheres e adolescentes foram aliciadas e posteriormente estiveram em um esquema de exploração sexual em um sítio do empresário, onde foram forçadas a manter relações sexuais com ele por vários dias. Essas relações ocorriam sob forte violência psicológica e vigilância armada, de acordo com o órgão.
Vale ressaltar que Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia, não possui nenhuma relação com a rede de lojas atualmente, pois a empresa agora faz parte do grupo varejista Via, que informou não ter um controlador e ter seu capital societário totalmente diluído.
Além da indenização de R$ 30 milhões, Saul Klein também pode ser multado em R$ 100 mil por cada obrigação descumprida. A denúncia dos casos de exploração sexual surgiu por meio da ONG Justiceiras e de notícias na imprensa. Os R$ 30 milhões de indenização serão destinados a três instituições sem fins lucrativos, conforme informado pelo MPT, sem mencionar quais são. A Justiça também solicitou que o Conselho Regional de Medicina de São Paulo e o Ministério Público Estadual investiguem se os médicos que atendem como vítimas na propriedade do réu cometeram infrações éticas ou legais, bem como se houve violação das leis de saúde pública.
A assessoria do empresário argumentou que a condenação de indenização não significa que ele foi condenado criminalmente. A nota destacou que a condenação por “tráfico de pessoas”, termo usado pelo MPT, “é absolutamente inverídica” e não seria possível porque “a Justiça do Trabalho sequer tem competência para julgar a alegada prática”.
Saul Klein se tornou acionista majoritário da Ferroviária em novembro de 2019. Em dezembro de 2020, vieram à tona os escândalos sexuais e o próprio empresário anunciou, em nota oficial, seu desligamento do Comitê Gestor de Futebol da Ferroviária por conta da investigação da Polícia. Após esse episódio, vários rumores envolveram a venda de suas ações, o que só veio a ser concretizado em dezembro de 2022, quando um grupo ligado a Giuliano Bertolucci, um dos mais renomados agentes do futebol mundial, assumiu o comando do clube.