Mesmo diante de uma liminar da Justiça que determina o retorno de parte da categoria ao trabalho, os servidores municipais de Araraquara decidiram, em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (20), manter a greve geral nesta quarta-feira (21).
O movimento segue firme, com críticas à falta de diálogo do prefeito interino Dr. Lapena (PL) e à proposta de reestruturação salarial que, segundo os servidores, reduzirá vencimentos, especialmente dos menores salários.
O ato foi realizado em frente à Câmara Municipal e contou com a participação de cerca de mil servidores ao longo do dia, segundo o Sismar (Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara). Durante a assembleia, o presidente do sindicato, Gustavo Jacobucci, convocou a categoria a reforçar o movimento: “Vocês só têm a incumbência de trazer mais gente amanhã, às 8h, na porta da Prefeitura”.
A categoria cobra resposta oficial do governo municipal sobre a proposta de incorporação do abono pecuniário ao vale-alimentação e outras pautas da campanha salarial. Para o sindicato, a paralisação foi motivada não apenas pela rejeição ao projeto enviado pelo Executivo, mas principalmente pela ausência de abertura para diálogo com a comissão de servidores e representantes do Sismar.
Liminar do TJ-SP exige funcionamento mínimo
Na mesma tarde, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) acatou pedido da Prefeitura e determinou, em liminar, que ao menos 70% dos servidores permaneçam em atividade durante a greve. A decisão, assinada pelo desembargador Beretta da Silveira, impõe ainda multa diária de R$ 20 mil ao sindicato em caso de descumprimento, além de autorizar o desconto dos dias não trabalhados na folha de pagamento.
A medida abrange não apenas a Prefeitura, mas também autarquias e fundações municipais como o DAAE (Departamento Autônomo de Água e Esgotos), a Maternidade Gota de Leite e a Fundação Municipal Irene Siqueira Alves – Vovó Mocinha.
De acordo com Jacobucci, o sindicato ainda não havia sido formalmente notificado até o momento da assembleia. “Não é novidade alguma, a gente está acostumado, nosso jurídico está preparado. A partir do momento da notificação tomaremos providências. Mas, por ora, nada muda para quem está na greve, até porque, segundo o próprio governo, nem 30% do funcionalismo está parado”, afirmou o sindicalista.
Prefeitura evita diálogo, dizem servidores
Em comunicado oficial, o Sismar reforçou as críticas ao governo municipal. Segundo o sindicato, Lapena se recusa a negociar com os representantes da categoria desde que enviou sua proposta de reestruturação salarial à Câmara, sem aceitar alterações ou contrapropostas. “É inacreditável, mas os servidores precisarão seguir no segundo dia de greve porque o prefeito se recusa a sentar para conversar”, afirma trecho da nota.
A entidade sindical também criticou a ausência de transparência nas finanças do município, questionando a alegação de que não haveria recursos suficientes para atender às reivindicações da categoria. “Até esta terça-feira, o Portal da Transparência da Prefeitura ainda não exibia os relatórios do primeiro quadrimestre de 2025. Sem os números, não acreditamos na narrativa de cidade falida.”
Câmara tranca pauta em apoio à negociação
A crise também chegou ao Legislativo. Por decisão unânime dos vereadores, incluindo membros da base governista, a Câmara Municipal decidiu suspender temporariamente a votação de projetos até que o Executivo retire a proposta de reestruturação salarial e aceite negociar com o sindicato.
Com servidores parados e pauta legislativa trancada, a pressão sobre a Prefeitura aumenta. A avaliação do Sismar é de que apenas a reabertura do diálogo pode pôr fim ao impasse. “Negociação pressupõe que ambos os lados cedam. Basta o prefeito sentar com a categoria para que possamos construir uma saída conjunta e justa para todos”, conclui o sindicato.
Enquanto isso, a greve segue sem previsão de término.
