O Brasil e o mundo se despedem de Hermeto Pascoal, ícone da música instrumental, que morreu neste sábado (13), aos 89 anos, no Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro. O multi-instrumentista alagoano, considerado por Miles Davis como “o músico mais impressionante do mundo”, faleceu às 20h22, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. A notícia foi confirmada em nota publicada pela família nas redes sociais do artista, pedindo que a tristeza não tome conta e que a música siga viva.
Nascido em 1936, em Lagoa da Canoa, no Agreste de Alagoas, Hermeto desde cedo mostrou talento incomum para transformar sons da natureza e objetos do cotidiano em melodias. Albino, não pôde trabalhar na roça e encontrou na música o caminho para sua expressão. Aos 10 anos já tocava acordeão e, ao longo da vida, ampliou seu domínio para instrumentos como piano, flauta, saxofone e violão. Intuitivo, dizia fazer “música universal”, recusando rótulos e misturando gêneros como forró, frevo, baião, jazz e música clássica.
Com uma carreira marcada por experimentações ousadas, Hermeto se apresentou ao lado de grandes nomes, como Airto Moreira, Flora Purim, Edu Lobo e Geraldo Vandré. Nos Estados Unidos, ganhou notoriedade ao trabalhar com Miles Davis, lançando álbuns aclamados pela crítica. Três vezes vencedor do Grammy Latino, foi homenageado por universidades brasileiras e pela prestigiada Juilliard, em Nova York, que incorporou suas composições ao currículo.
Mesmo aos 80 anos, Hermeto mantinha fôlego invejável, realizando turnês na Europa e no Brasil. Seu último show em solo nacional foi em junho de 2025, no Circo Voador, no Rio de Janeiro, que acabou se transformando em uma grande celebração de seus 89 anos. Em suas próprias palavras, a música era sinônimo de vida: “Quando subo no palco, não tenho idade. O corpo pode ser de 88 anos, mas a alma vira menino de novo.”
Hermeto deixa seis filhos, 13 netos e dez bisnetos, além de uma obra imensurável que seguirá inspirando músicos e apaixonados pela arte em todo o mundo. Informações sobre as cerimônias de despedida ainda serão divulgadas pela família. Como escreveu em uma de suas mensagens mais célebres, sua herança permanece em cada som: “Escutemos o vento, o canto dos pássaros, o copo d’água, a cachoeira. A música universal segue viva.”
Foto: Arquivo pessoal
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