Da quente Morada do Sol para as congelantes pistas de bobsled pelo mundo. Esse é o resumo do caminho percorrido pelo atleta Erick Vianna, de 27 anos, que nasceu em Araraquara, se destacou no atletismo e hoje integra a Seleção Brasileira de Bobsled, modalidade de inverno no qual equipes de duas ou quatro pessoas realizam, por meio de um trenó, descidas cronometradas em uma pista de gelo sinuosa e estreita especialmente construída para a competição. Os trenós podem atingir até 150 quilômetros por hora em um esporte em que não falta adrenalina.
No Brasil, que não possui tradição nas Olimpíadas de Inverno, a modalidade ficou conhecida pelo filme 'Jamaica Abaixo de Zero', lançado em 1993 e que mostra uma história baseada na dificuldade de se montar uma equipe de bobsled com atletas que nunca pisaram na neve. Na trama, o destaque fica para a superação dos jamaicanos, que é muito parecida com a dos brasileiros que hoje encaram a modalidade.
Nascido no ano do lançamento do filme, Erick se encontra hoje totalmente focado em sua participação nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, que serão realizados em Pequim, na China. A pandemia do coronavírus, no entanto, resultou em algumas incertezas no mundo do esporte, porém o certo é que em nenhuma situação faltará a determinação do atleta que espera voar cada vez mais alto no esporte.
Em entrevista ao Portal Morada, o araraquarense falou sobre sua vida, emoções e objetivos. Confira!
O início
Erick Gilson Vianna Jerônimo nasceu em Araraquara no dia 19 de fevereiro de 1993 e é filho de Marli e Ismael. Ele tem quatro irmãos: Evilyn, Igor, Kawana e Victor. Dois deles também seguiram a veia esportiva, já que Igor foi atleta do atletismo, campeão mundial escolar, medalhista sul-americano e campeão brasileiro dos 110m com barreiras, enquanto Kawana Vianna é jogadora de volêi da Broword College, Florida, Estados Unidos.
E foi no próprio ambiente familiar que ele percebeu que o esporte teria papel fundamental em sua vida. "Sempre fui muito competitivo entre meus irmãos e amigos. E algo já me dizia que eu seria um atleta", conta Erick.
O atletismo em sua vida
Erick cresceu no Jardim das Hortências. "Meu primeiro contato com o atletismo foi através da professora Simone Pecini, da Escola Henrique Scabello, onde fui participar de uma competição escolar, me destaquei e tomei gosto pela modalidade", relembra.
Em 2010, aos 17 anos, o jovem recebeu um convite de um dos melhores técnicos de atletismo do Brasil, Marcelo Lima, para treinar no Centro de Excelência de São Paulo, cidade onde ele passou a morar para se aprimorar e a estudar. As provas de 100m e 200m rasos, 110m com barreiras, salto em distância e o revezamento 4x100m se tornaram as especialidades do atleta.
No atletismo, Erick se tornou campeão brasileiro universitário na prova de revezamento 4x100m em Aracaju–SE, campeão brasileiro universitário no revezamento 4x400m em Aracaju–SE, segundo colocado nos Jogos Universitários Brasileiros nos 110m com barreiras em Aracaju-SE, segundo colocado no 24° Meeting Internazionale de Atlética nos 100m rasos em Ponzano Veneto, na Itália, terceiro colocado no Meeting Internacional de Avellino nos 110m com barreiras em Avellino, Itália, e quinto colocado no Meeting Internacional Gala Dei Castelli na prova dos 100m rasos em Bellinzona, Suíça.
Por conta desses momentos, o araraquarense faz questão de se declarar ao atletismo. "O atletismo é a modalidade que amo e a que me abriu muitas portas. Sou o atleta e cidadão que sou hoje graças ao atletismo", define.
O sonho do bobsled
Em 2015, surgiu a oportunidade para Erick integrar a Seleção Brasileira de Bobsled e ele não desperdiçou a chance. "Fiz vários testes e consegui entrar na Seleção. A partir de então foram vários treinos, competições e aprendizados até a Olimpíada de 2018", relata.
E disputar essa edição das Olimpíadas de Inverno – realizada em PyeongChang, Coréia do Sul – foi marcante para o araraquarense. "Durante a cerimônia de abertura, realmente me emocionei. Todos os esforços, sacrifícios, muitos treinos, derrotas e vitórias foram recompensados naquele momento", revela.
A participação naquele torneio estimula o atleta em cada treinamento desde então. "Foi uma sensação que não dá para descrever em palavras, e esta sensação me motiva ainda mais para competir a próxima e conseguir um resultado ainda melhor para o nosso país", acrescenta.
Com Erick na equipe, a Seleção Brasileira também sagrou-se campeã da Copa América de Bobsled na temporada 2017/2018 (EUA/Canadá) e foi vice-campeã na temporada 2016/2017. A equipe foi 17ª colocada do Ranking Mundial em 2017 no 4man, além de conquistar a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Push no ano de 2016 em Mamaia, Romênia.
Presente e futuro
À princípio, as próximas competições de Erick estão marcadas para acontecer a partir de outubro, mas a pandemia do novo coronavírus gera indefinições no esporte. "Nosso calendário só sai em julho e, ainda mais com essa pandemia, não sabemos se vai modificar alguma coisa", ressalta o atleta, que agora deu um tempo no atletismo para se dedicar somente ao bobsled.
Erick coloca todo o foco de sua vida em sua evolução profissional e em novos aprendizados. "Minha vida hoje está focada no bobsled. Daqui a dois anos irão acontecer os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, na China. E também estou focado nos estudos, atualmente faço marketing", destaca o atleta, que também espera continuar compartilhando seus conhecimentos em palestras em escolas e posteriormente expandir para um nível empresarial.