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Wilson Luiz: Uma lenda viva do rádio esportivo

Comunicador araraquarense acompanhou de perto grandes momentos do esporte da cidade

Wilson Silveira Luiz tem muita história para contar e sabe fazer isso com maestria. A comunicação está no DNA do radialista de 82 anos, que há mais de seis décadas atua no rádio esportivo, onde construiu um nome respeitado e de muita identificação com seus ouvintes.

Ele é casado há mais de 55 anos com sua esposa Cidinha, com quem construiu uma família com sete filhos, netos e bisnetos. Atualmente, com o isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, o cronista esportivo aproveita o tempo em casa para organizar seus arquivos. 

Em entrevista ao Portal Morada, Wilson falou sobre os caminhos que percorreu ao longo da vida e fez uma pequena análise do momento vivido pelo mundo: "A atual crise mundial é um recadinho de Deus para consertar a humanidade", resume.

Uma vida no rádio

Wilson Silveira Luiz nasceu em 16 de outubro de 1937 em Araraquara. É filho do casal Onofre Luiz e Honoria Silveira Luiz – ambos já falecidos – e irmão de Valdir, que hoje reside em Ribeirão Preto, e Vera Lúcia, que mora em São Bernardo do Campo.

Passou sua infância na Rua Gonçalves Dias, no Centro, onde se divertia no Parque Infantil Leonor Mendes de Barros e cursou seu ensino primário na Escola Pedro José Neto. Posteriormente estudou no Colégio São Bento e no Colégio Duque de Caxias. Se formou contador e aprimorou seus conhecimentos com diversos cursos profissionalizantes.

Mas a verdadeira paixão estava em outra área profissional: a comunicação, campo com o qual teve seu primeiro contato ainda adolescente. "Lembro que acontecia a campanha do Getúlio e do Garcez, meu pai era o responsável e trabalhava na sub-sede do PTB na Rua Gonçalves Dias. Ainda menino, eu já anunciava nos alto-falantes", relembra ele.

Anos mais tarde, foi servir o Exército em São Vicente, onde permaneceu durante um ano e três meses. "Quando dei baixa, meus pais tinham se mudado para São Carlos, onde comecei a carreira de narrador", conta Wilson, que teve sua trajetória profissional iniciada oficialmente em 1959 na Rádio Progresso de São Carlos, hoje Rádio Clube.

Desde então, construiu uma carreira sólida ao passar pelas rádios São Carlos, Realidade de São Carlos, Sumaré, Central de Campinas, Clube Imperial de Taquaritinga, Notícias de Matão e Cultura de Ribeirão Preto, onde atuou como correspondente para a Rádio Bandeirantes de São Paulo. 

Em Araraquara, trabalhou na Rádio A Voz da Araraquarense, Rádio Morada do Sol, Rádio Cultura, Bandeirantes (hoje Nativa), Aracoara (hoje CBN), TV Morada do Sol e Rádio Brasil FM. Atualmente é integrante da equipe esportiva da Rádio PWZ de Araraquara e também colabora com o Jornal de Araraquara e com a Revista Leia Tour.

Ao longo de sua trajetória, narrou momentos marcantes do esporte local como o Sul-Americano de Basquete no Gigantão em 1975 e a Taça de Ouro de 1983, o Campeonato Brasileiro da época, onde a Ferroviária foi uma das sensações do torneio. Chegou a sobrevoar Araraquara de balão ao lado do lendário Victório Truffi, que cinco anos antes – em 1970 – se tornou o pioneiro do balonismo na América do Sul e realizou na cidade o primeiro voo desse tipo do continente.

 

Ferroviária no coração

Outra paixão que marca sua vida é a Ferroviária. Quando adolescente, Wilson gostava de caçar passarinhos em uma mata localizada no terreno onde posteriormente seria construído o Estádio da Fonte Luminosa. Seu pai trabalhava na Estrada de Ferro Araraquara (EFA) e atuava no esporte amador da cidade. Foi seu pai que lhe deu a informação de que o engenheiro Pereira Lima fundaria um time na cidade.

Aos 13 anos de idade, quando nem pensava em ser locutor de futebol, marcou presença no primeiro jogo da história da Locomotiva – vitória por 3 a 1 sobre a Mogiana de Campinas no Estádio Municipal de Araraquara em 13 de maio de 1951. No mesmo período, acompanhou de perto a construção do Estádio da Fonte Luminosa, inaugurado em 10 de junho do mesmo ano. Também presenciou jogos memoráveis e até hoje importantes na história do clube, como os encontros com o Santos de Pelé. No primeiro acesso do clube para a elite estadual, em 1956, estava na arquibancada e participou da festa com os torcedores, que improvisavam panelas para fazer barulho da Fonte até a Igreja de Santa Cruz.   

Em 1967, viu sua paixão se fundir com sua profissão, quando começou a narrar jogos da Ferroviária. "Foram muitas emoções, mas as principais aconteceram no período entre 1967 e 1969, quando o time sagrou-se tricampeão do Interior e conquistou a Taça dos Invictos", destaca o narrador, que também acompanhou a equipe em uma excursão ao exterior.

Os craques e esquadrões da época são lembrados com carinho por Wilson. "O melhor jogador que eu pude narrar foi Bazani, que se destacava no meio de elencos maravihosos, que contavam com craques em cada posição", analisa.

E o amor pela Ferroviária foi ilustrado no início de 2020 em um vídeo produzido pelo clube para apresentar o novo uniforme (clique aqui para assistir).

 

Atuação no esporte

Além da comunicação, Wilson Luiz sempre foi um nome atuante no próprio esporte. Está sempre antenado às novidades de todas as modalidades, tanto amadoras quanto profissionais. Em meados da década de 80, deixou de narrar jogos de futebol por conta de dificuldades com a vista, porém seguiu trabalhando com o intuito de apoiar equipes e atletas. Chegou a atuar como diretor de Esportes da Prefeitura de São Carlos e foi presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Araraquara (ACEA). O radialista também integrou, em 1985, a primeira equipe dos Campeões da Bola, que hoje é uma das mais respeitadas do rádio esportivo sob o comando de José Roberto Fernandes.

Wilson foi o maior incentivador do históriador Paschoal Gonçalves da Rocha para criar, em 1980, a famosa Sala de Reminiscências Esportivas, que se tornou um verdadeiro templo sagrado dos amantes do esporte amador de Araraquara. Vale lembrar que, com o falecimento de Paschoal em 2014, o acervo foi levado para o Museu de Reminiscências, instalado atrás da arquibancada do Complexo Aquático da Fonte Luminosa.

Além de tudo isso, ele também é considerado um dos baluartes da bocha local. Foi fundador, ao lado de Ildeu Wolfarth, da Liga Bochófila de Araraquara (LIBA) em 1992, sendo desde então uma das mais tradicionais do Brasil. A importância de Wilson Luiz para a bocha é tão grande que, em Araraquara, o Dia da Bocha é comemorado em 16 de outubro, data do aniversário do radialista.

 
Rádio atual

"As transmissões de hoje, via offtube, fizeram as narrações do futebol perderem a graça. Antigamente era mais emocionante", lamenta Wilson Luiz, se referindo à maneira de narrar as partidas de longe, sem estar no estádio onde elas acontecem. 

E mesmo com tanta história para contar, Wilson Luiz consegue definir sua relação com o rádio em uma frase: "O rádio é a minha vida".

Assim, com uma verdadeira enciclopédia do esporte em sua cabeça e nunca deixando de trabalhar, Wilson segue firme, atuando ativamente na comunicação local e comprovando a cada dia sua importância para o esporte de Araraquara.

 

Confira abaixo fotos da vida e carreira de Wilson Luiz.

 

 

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