Com título do Campeonato Paulista da Série A2 e acesso garantidos, a Ferroviária entrou em campo na noite do último sábado (02), contra o Guarani apenas para festejar o feito de retornar à elite do estadual depois de 19 temporadas. Embora tenha conquistado o tão esperado sonho na 17ª rodada, apenas no último jogo da competição a torcida afeana reencontrou o time que relembrou os anos dourados da equipe.
O estádio reuniu pessoas de todas as idades, incluindo os saudosistas, que estavam com saudades de ver a Ferroviária na elite. Adilson Sotrati, 64 anos, era um dos presentes. Ele lembrou com facilidade a escalação do time de 1966 da Ferroviária, que voltou à primeira divisão depois do rebaixamento no ano anterior, e falou com entusiasmo sobre a atual equipe grená. “Nesses 60 anos que eu acompanho a Ferroviária foram muitos times bons. Ela é de 1950 e eu de 51, mas falo que tenho 60 anos de clube, pois meu pai me trazia aqui na Fonte Luminosa desde meus quatro anos de idade. De 1966 pra cá tivemos boas equipes, mas esse time atual está conseguindo fazer os torcedores relembrarem aqueles tempos”, disse com euforia.
Para Adilson, se o clube se esforçar para manter a qualidade do elenco que teve um grande desempenho na Série A2, será possível ver a Ferroviária voltar a dar trabalho para os times grandes de São Paulo. “Se mantiver esse time que está agora, coisa que eu sei que é muito difícil, creio que vamos conseguir fazer frente para os clubes grandes. Não digo que vamos ser campeões, mas pelo vamos montar uma boa equipe para ficar por alguns anos na Série A1”, declarou.
Fazer uma boa campanha na elite é o grande desejo de Sotrati. “A expectativa é muito grande porque faz 19 anos que estamos acompanhando e sofrendo. Espero que o clube contrate cinco ou seis jogadores para conseguirmos um bom desempenho”, completou.
Quem também teve o privilégio de ver a festa do acesso da Ferroviária foram os irmãos Eudes Fernandes, de 89 anos, e Godoliene Fernandes, de 86. Com as idades avançadas, os dois relembram emocionados de quando iam ao estádio ainda na juventude. “Sou torcedor da Ferroviária desde os tempos que ela só perdia”, afirmou Eudes gargalhando. Ele foi mais um a recordar que o clube dava muito trabalho aos times grandes. “Eu me lembro de ver aqui o nosso time ganhando do Santos do Pelé”, acrescentou.
Godoliene, que diz não ter acompanhado o clube desde sua fundação por ter morado anteriormente no Paraná, contou sobre quando começou a assistir os jogos do time. “Eu era torcedora roxa da Ferroviária. Antes nós frequentávamos o clube, as piscinas e todos os jogos do time. Me lembro que quando o time subiu pela primeira vez nós fomos para a rua comemorar”, contou.
Emocionados, os dois não conseguiam se lembrar de qual fora a última vez que o time da Ferroviária causou tanta comoção nos moradores de Araraquara. “Faz muito tempo que eu não via o estádio desse jeito”, disse Eudes antes de forçar a memória para se contar histórias engraçadas que aconteceram há muitos anos atrás naquelas mesmas arquibancadas.
Tanto Adilson Sotrati quanto os irmãos Fernandes, servem de exemplo para mostrar o quanto os torcedores da Ferroviária esperavam para ver o time de volta à Série A1. Mais do que simplesmente retornar, eles desejam poder ver por bons anos a equipe na elite. “Eu acho que se esse time permanecer com uma turma boa, vai dar muito trabalho”, afirmou Godoliene, que ainda aproveitou para elogiar o atual time. “Olha, essa turma que está jogando tem um preparo físico muito bom”, concluiu.
Já campeã, a Ferroviária ficou no empate sem gols contra o Guarani. O resultado evitou que o time terminasse o torneio com 100% de aproveitamento da Arena da Fonte, mas não diminuiu a festa da torcida pelo título do Paulistão Itaipava 2015 – Série A2.
