Elas tinham Cristina Neagu, eleita a melhor do mundo em 2015, e também o retrospecto a seu favor. O Brasil, contudo, chegou amparado por toda arena e pela determinação de apagar qualquer trauma do passado. Embaladas pela vitória na estreia em cima da bicampeã olímpica Noruega, no último sábado (06), a seleção feminina voltou à Arena do Futuro nesta segunda-feira (08.08) para ter a revanche guardada ao longo de oito meses. Um placar elástico deu mais vigor à certeza da soberania: 26 a 13 em cima da algoz Romênia.
No Mundial de 2015, na Dinamarca, a seleção falhou e foi eliminada ainda nas oitavas de final pelas romenas, que nem estavam entre as favoritas, mas faturaram a medalha de bronze. A partida deixou importantes lições para as brasileiras, campeãs mundiais de 2013. “Analisamos os erros que cometemos lá. Se elas viessem com a mesma atitude, a gente tinha as bolas estudadas para matar”, ressalta Fabiana Diniz, a Dara, capitã do time.
“Lá a gente não funcionou contra a Romênia. Elas conseguiram ver tudo que a gente estava fazendo e bloquear bastante”, relembra Alexandra Nascimento, destacando a diferença na postura demonstrada pelo time no duelo olímpico. “Não ficamos presas no passado porque assim jogaríamos com raiva. Nós jogamos com o objetivo de conseguir mais dois pontos, sem pensar em quem estava do outro lado da quadra”, afirma a ponta direita.
Ainda assim, deixar a quadra com o dobro de gols das rivais foi além do imaginado para a partida, válida pela segunda rodada da fase de grupos do torneio olímpico. “Nem nos meus melhores sonhos eu esperava um placar tão elástico, mas, partir do momento que conseguimos impor o trabalho que foi feito e anular os pontos fortes delas, nada mais digno do que sair com um placar assim”, acredita Dara, ainda extasiada com o impressionante apoio recebido das arquibancadas. “Hoje tivemos a atitude de um time que veio para mostrar que, para ganhar da gente em casa, vai ter que jogar muita bola. Vão ter que enfrentar um time dentro de quadra e outro fora”, determina.
De fato, o público presente à Arena do Futuro não deixou a seleção sozinha por um minuto sequer. Para a goleira Babi, que fez grandes e importantes defesas ao longo da partida, uma torcida especial vinha logo de trás do gol, com a família toda a postos. “Eu olho para trás e vejo meu pai chorando o tempo todo. Acho que está mais mágico para eles do que para mim. Eles estão vivendo um sonho junto comigo e isso é impagável”, comemora. A central Ana Paula Rodrigues foi novamente a artilheira da partida, com oito gols.
Quem não saiu nada feliz foi, naturalmente, o técnico da Romênia. “Jogamos muito mal. O Brasil estava muito forte emocionalmente e muito técnico. Isso é quase um pesadelo, preciso fechar a janela e acordar amanhã”, afirma Tomas Ryde, acrescentando nunca ter vivido uma derrota como a de hoje ao longo de sua carreira como treinador. A equipe, que já havia perdido para a Angola no último sábado (6), se complicou na competição. “Precisamos mudar de atitude. Não estamos jogando com espírito de luta. Precisamos jogar com o coração e criar uma relação entre a defesa e as goleiras”, destaca.