InícioNotíciasPT e PMDB fazem acordo e enterram comissões para apurar dívida

PT e PMDB fazem acordo e enterram comissões para apurar dívida

CEI’s que investigariam as dívidas dos governos Barbieri e Edinho Silva terminaram num “acordão” entre os partidos

Os pedidos de abertura de duas Comissões especiais de Inquérito (CEI’s) foram retirados da Câmara Municipal de Araraquara após uma reunião entre os 18 vereadores realizada na manhã dessa sexta-feira (4). 
O primeiro pedido de abertura de uma CEI foi feito após a assinatura de nove vereadores ligados à base governista na Câmara, liderados pelos vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT)  com o intuito de apurar as contas da gestão do ex-prefeito Marcelo Barbieri (MDB). 
Após acusações públicas, o MDB reagiu e protocolou outro pedido, dessa vez para apurar as contas do governo petista entre o dia 1 de janeiro de 2017, data da posse, até o último dia 30 de abril.
Com o acordo, as CEI’s não serão sequer iniciadas e os trabalhos de apuração, segundo os parlamentares, serão substituídos por um debate entre os dois blocos, às portas fechadas. A justificativa apresentada para a decisão é de que a abertura das comissões não seria o melhor caminho para discutir o tema e poderia gerar  desgaste político para ambos os lados. 
Em breve, o Tribunal de Contas do Estado (TCE), órgão técnico que fiscaliza as administrações municipais, deverá emitir parecer sobre as contas do ex-prefeito Barbieri. Em caso de rejeição das contas, caberá ao Legislativo aprovar o parecer ou optar pela rejeição. 

Entenda a polêmica
O embate voltou à pauta depois que, no início do mês passado, vereadores da base discutiram as dívidas da Prefeitura de Araraquara. Segundo os parlamentares, a dívida herdada pelo governo petista chegava à R$ 300 milhões.  
O prefeito Edinho Silva usou as redes sociais para apresentar novos números. Segundo os números apresentados, o total de dívidas da Prefeitura é de R$ 427.477.049. “Isso representa mais da metade dos valores arrecadados pelo Executivo em impostos, taxas e repasses governamentais ao longo do ano”, disse.
Ainda de acordo com o prefeito, os valores inscritos de restos a pagar a fornecedores (entre 2012 e 2016) são de R$ 87,5 milhões. A dívida consolidada é de R$ 38 milhões, o que inclui R$ 17,5 milhões de INSS atrasado de 2012, e R$ 693 mil em precatórios que não foram pagos em 2012 e 2013 — o que causou, em 2015, ação da Justiça, decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, obrigando a Prefeitura a destinar 1% de sua receita líquida (ou seja, quase R$ 700 mil por mês), para abater o débito com precatórios.
Entre 2010 e 2016, outros R$ 180 milhões de INSS patronal (a parte de responsabilidade do empregador) não foram recolhidos pela Prefeitura. O que gerou multas, entre elas, mais R$ 69 milhões. Entre outros números, também há o prejuízo causado com o fechamento da CTA (Companhia Tróleibus Araraquara), na ordem de R$ 22,4 milhões.
"Houve uma tentativa de se criar um debate sobre as dívidas. Um debate que nem deveria existir. Contra fatos, não há argumentos. Dívida é matemática, é número, é soma de débitos. Como tentou-se criar um debate, vou mostrar todos os documentos que comprovam o atual endividamento da Prefeitura", afirmou o prefeito.
 
MDB rebate e cobra prestação de contas
O Diretório Municipal do MDB também se manifestou sobre o assunto e chamou um debate público com o prefeito. “A situação em que a Prefeitura de Araraquara se encontra é crítica, e esse descontrole financeiro é resultado das ações políticas adotadas pelo prefeito Edinho Silva”, afirma o partido, que considera “mentirosas as informações divulgadas pelo governo municipal sobre as supostas dívidas deixadas pela administração do ex-prefeito Marcelo Barbieri”.
Segundo o partido, as dívidas de curto prazo ao final do governo do MDB, em 2016, representavam 9,6% do orçamento municipal (R$ 87.584.346 para um orçamento de R$ 627.543.535), enquanto que o índice deixado pela administração Edinho Silva, em 2008, foi de 10,9% – R$ 50.157.802,60 de um orçamento de R$ 301.385.238,61.
“Os precatórios de R$ 18 milhões (R$ 18.621.218,14) citados pelo prefeito Edinho Silva não são da gestão anterior. O governo do MDB pagou todos os precatórios processados até 31 de dezembro de 2016. O referido valor foi inscrito como precatório municipal em janeiro de 2017 e é, inclusive, referente a uma ação movida durante o primeiro governo do prefeito Edinho Silva (2000 a 2008) sobre a jornada dos professores e a não aplicação da reserva de 1/3 da carga horária para atividades extraclasse. Também nesse valor está a ação movida por engenheiros municipais durante o primeiro governo Edinho Silva por não respeitar o piso salarial da categoria”, diz a nota.
Sobre a dívida com o INSS, contraída pelo não recolhimento do imposto, o partido contesta e afirma que  foram feitas “compensações de créditos que o município tinha com a Receita Federal pelo recolhimento anterior de tributos que não eram devidos. As compensações estão em análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A votação ainda não foi encerrada e o resultado parcial é de 6 votos contra 3 em favor de Araraquara e de outros municípios que também fizeram a compensação”. Quando assumiu a prefeitura, Edinho Silva parcelou o valor cobrado pela Receita Federal, na ordem de R$ 180 milhões (R$ 180.644.142,25), em 250 vezes, ou seja, R$ 700 mil por mês. “O MDB considera que essa foi uma decisão equivocada e irresponsável, pois o prefeito Edinho Silva assumiu uma dívida inexistente, já que a compensação de créditos tributários caminha para uma decisão favorável a Araraquara e demais municípios que adotaram a mesma medida”.
“Para o MDB, resgatar a questão do INSS, dos precatórios e dos restos a pagar é uma forma de camuflar a real origem dos problemas financeiros da Prefeitura, que são os gastos exorbitantes e desnecessários com publicidade e com os shows da Facira. Além disso, a atual gestão perdeu o controle da administração, aumentando o gasto com a folha de pagamento. Essa é uma situação verdadeiramente preocupante, pois os servidores correm o risco de não receberem seus salários, levando à paralisação do atendimento público”, completa o texto.

 

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