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Fundador da “Geladeira Comunitário” fala sobre fim do projeto

Projeto, que funcionou na Praça do Faveral, será substituído por uma "cozinha solidária"

A geladeira comunitária deixou de funcionar no início de novembro na Praça do Faveral, em Araraquara. O projeto consistia em um espaço para doações de alimentos perecíveis ou não que pudessem ser utilizados por qualquer pessoa necessitada.

Desde a implantação, dezenas de pessoas passaram a retirar os produtos alimentícios deixados na geladeira. Com isso, a praça passou também a concentrar moradores de rua e usuários de drogas, o que logo despertou críticas de moradores e comerciantes do entorno, que alegavam problemas com a segurança.

Ernst Bertone Oehninger, um dos fundadores do projeto, afirma que a ideia da Geladeira Comunitária surgiu com dois objetivos: doar alimento para os mais necessitados e diminuir o desperdício de comida. “Em quase dois anos de operação, nossa freedge evitou o desperdício de toneladas de alimentos e serviu refeições gratuitas a milhares de pessoas com necessidade. O trabalho do Ednan, em conjunto com a prefeitura e outras organizações da cidade, ajudou mais de 20 pessoas à encontrar empregos e moradia”, relembra.

O sucesso do projeto atraiu pessoas de bairros distantes. “Pessoas caminhavam por duas horas para chegar na geladeira e esperavam horas para receber comida. Doadores atravessavam a cidade para doar alimentos. […]  O volume de alimentos doados e a quantidade de pessoas atendidas atingiram níveis muito maiores do que prevíamos com esse projeto”, conta.

Os casos de abuso, no entanto, eram frequentes. Ele lembra que alguns usuários pegavam vários itens e enchiam as sacolas, sem pensar em outras pessoas que também poderiam fazer ali as refeições diárias. Outros abriam as marmitas preparadas exclusivamente para as doações, retiravam a mistura e jogavam o restante na praça. ”A geladeira também foi alvo de criminosos que tentam se apoderar do fluxo de doações e pegam os alimentos pra vender”.

Todos esses problemas levaram à extinção do projeto. Contudo, a ideia agora será substituir a doação de alimentos por uma cozinha solidária, onde grupos produzirão refeições para distribuição nos domicílios cadastrados. Com isso, será desestimulada a aglomeração de pessoas na praça, principal queixa dos vizinhos, que chegaram a circular um abaixo-assinado pelo fim do projeto.

“A entrega de alimentos nas casas se dará de forma pontual e controlada às pessoas cadastradas e o acesso aos alimentos dependerá exclusivamente da ação de grupos voluntários, algo que hoje também é feito pela comunidade através de suas doações”, afirma Ernst. Apesar dessa nova etapa do projeto, ele lamenta o fim da geladeira comunitária. “Sem a geladeira, doadores ocasionais não têm onde deixar suas doações, e estamos perdendo uma grande oportunidade de lutar contra o desperdício. É sim possível estabelecer uma conexão onde doadores vão às casas dos recipientes para entregar alimentos diretamente, e é esse o objetivo do programa ‘Adote Uma Família’, criado há pouco pelo Ednan”.

 

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