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Gafe na comunicação política é tema de livro 

Obra analisa um conjunto de textos com enunciados polêmicos de políticos brasileiros
Em um discurso político, às vezes lembramos mais da gafe cometida pelo orador ao próprio conteúdo que ele tinha intenção de passar. Pensando na gafe na comunicação política tratada no âmbito discursivo, dois pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o professor Roberto Baronas, do Departamento de Letras (DL), e a pós-doutoranda em Linguística Júlia Lourenço Costa, organizaram o livro "Quatro ensaios sobre a gafe na comunicação política: uma abordagem discursiva", publicado pela Editora Grácio Editor, de Coimbra (Portugal).

"A escrita do livro irrompeu da necessidade de se produzir conhecimento discursivo sobre a gafe política. A gafe, à primeira vista, pode ser entendida como um fenômeno discursivo banal, pouco digno de reflexão. No entanto, a circulação espantosa desse tipo de fenômeno nos mais diferentes dispositivos midiáticos contemporâneos corrobora a premência de uma reflexão mais densa sobre o assunto", explica Costa. Assim, a obra debate o papel da comunicação política no engendramento e circulação das gafes políticas, a partir de uma visada discursiva. "Nossa abordagem está verdadeiramente ancorada na possibilidade do diálogo entre a dimensão mais política da gafe de um lado; e, de outro, a dimensão especificamente discursiva", detalha ela.

Os organizadores assinam dois ensaios do livro que inclui um texto de Christian Le Bart, professor de Ciências Políticas em Rennes (França), e Philippe Teillet, professor e cientista político no Instituto de Estudos Políticos de Grenoble (França). Há também um ensaio elaborado pela graduanda em Linguística na UFSCar Mayara Vitor Gomes, em coautoria com Baronas. Além disso, o livro conta com prefácio de Ida Lucia Machado, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e posfácio do professor Rui Grácio, de Portugal.

No primeiro ensaio, Le Bart e Teillet, a partir de uma perspectiva dita mais política, defendem que os atores políticos e os jornalistas, ao rotular como gafes os enunciados que derrogam as leis do discurso político, produzem avaliações e, mais largamente, estatutos, lugares sociais. No segundo ensaio, Baronas e Gomes analisam discursivamente "frases sem texto" que foram dadas a circular pelos mais variados suportes midiáticos como gafes cometidas por atores políticos. No terceiro artigo, Baronas e Costa analisam discursivamente um conjunto de textos que abordam as possíveis gafes cometidas pela ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em seus pronunciamentos. Finalmente, no quarto ensaio, estes mesmos autores propõem uma reflexão em torno de enunciados polêmicos que circularam em diversas mídias brasileiras e proferidos pelo atual Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.

"Como colocado no primeiro ensaio do livro, a gafe resulta de uma apreciação errônea do que é politicamente factível ou dizível em determinado momento. Ela, então, volta-se contra seu autor de maneira a confrontar as reações que não tinham sido previstas. Há gafe porque um ator político produz intencionalmente um comportamento que, sem que ele saiba, ataca diretamente as maneiras de dizer, as crenças e os valores em vigor no campo político, por exemplo", ressalta Costa.

"Quatro ensaios sobre a gafe na comunicação política" está sendo lançado nos formatos impresso e e-book. Mais informações podem ser obtidas no site da editora, em www.livraria.ruigracio.com.

 

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