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Conselho repudia caso de racismo contra criança em posto

Menino de quatro anos foi chamado de “pretinho”. Acusada é guarda civil municipal

O Conselho Municipal de Combate à Discriminação e Racismo de Araraquara (COMCEDIR)  emitiu uma nota de repúdio sobre o caso de racismo praticado contra uma criança, de 4 anos, no posto de saúde do Jardim Paulistano, em Araraquara.

O caso aconteceu na última quarta-feira (28). Segundo relatado em boletim de ocorrência, a criança estava no posto com os pais aguardando atendimento. O menino, então, se aproximou de um grupo de crianças quando a mãe de uma delas afastou a filha quando o garoto se aproximou. Diante da insistência da filha, ela teria dito: “Já falei que não quero esse pretinho perto da minha filha”.

Os pais acionaram a Polícia Militar e registraram o caso em Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. Testemunhas teriam presenciado a cena e podem confirmar a denúncia em depoimento. A acusada é guarda civil municipal de Araraquara. 

Em nota, o COMCEDIR lamentou o ocorrido. “Nesse momento, a discriminação e o preconceito por causa da cor de sua pele advêm como um soco forte, tornando-nos por vezes impotentes. A ponto de, por um breve momento, perdermos a fé na humanidade”, afirma o texto.

O Conselho colocou-se à disposição da família e ofereceu apoio para que a situação não fique impune. De acordo com o artigo 140, § 3º, do Código penal, o crime de injúria racial se caracteriza pela ‘ofensa praticada contra uma pessoa utilizando-se de elementos de sua raça, cor, etnia, religião e/ou origem’. A pessoa que comete o crime de injúria fica sujeito à penalização podendo ser multado ou ser condenado a reclusão de 1 a 3 anos.

“[…] temos uma batalha árdua a se travar, contudo,  contamos com o apoio de todos/todas para que estas práticas sejam dirimidas e, por que não, extirpadas de nossas vidas, e possamos de fato construir uma sociedade democrática e livre onde todas/todos tenham sua liberdade de ir e vir e seus direitos de cidadania e convivência fraterna com outros”, conclui a nota.

 

Investigação

A Polícia Civil de Araraquara já identificou a acusada de praticar o ato de racismo contra a criança. Ao Portal Morada, o pai do menino, de 31 anos, disse que espera a instauração do inquérito civil para que ela responda pelo crime. "Havia várias crianças brincando e essa mãe impediu que a filha dela brincasse com o meu filho. Nós pergutamos os motivos e ela repetiu à mim e à minha esposa que a filha era dela e ela tinha  direito de decidir. Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer, ainda mais envlvendo uma criança. Iremos levar a queixa adiante", disse. 

 

O outro lado 

O Portal Morada entrou em contato com a guarda civil municipal. Ela negou as acusações e disse que se trata de calúnia. Para se defender, ela disse que as imagens do sistema de monitoramento interno do posto podem ajudá-la a esclarecer. 

Questionada sobre o que motivaria uma injúria, ela disse que os denunciantes podem "querer tirar proveito disso". "Eles moram no Parque Gramado, nem àquele posto eles pertencem". Sobre as implicações da denúncia à sua atuação na Guarda Civil, ela disse não temer. "Não tenho temor que isso interfira o meu trabalho", declarou. 

 

Atualizada as 17h52

 

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