Os imigrantes alemães chegaram ao Brasil no século XIX e trouxeram suas tradições a diversas regiões do país, principalmente Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. O Rio dos Sinos fez parte do caminho percorrido pelos imigrantes, em 1824, até finalmente criarem raízes na cidade de São Leopoldo (RS), considerada berço da imigração alemã no Brasil. Esse município é um dos nove contemplados pela região turística Vale Germânico, localizada no Vale do Rio dos Sinos, que contém Araricá, Campo Bom, Dois Irmãos, Ivoti, Morro Reuter, Novo Hamburgo, Santa Maria do Herval e Sapiranga.
A denominação Vale Germânico foi reconhecida e homologada neste ano pelo Mapa do Turismo Brasileiro, instrumento do Ministério do Turismo, no âmbito do Programa de Regionalização da Pasta, que define regiões prioritárias para a criação de políticas públicas. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ressaltou a importância da regionalização para potencializar o desenvolvimento do setor.
“Em uma região podem existir municípios que não recebem turistas, mas que se beneficiam da atividade pelo fornecimento de produtos e serviços. A lógica da Regionalização pressupõe que trabalhar o turismo de forma integrada, regionalizada e cooperada é mais vantajoso, pois o turista é estimulado a conhecer destinos diversificados e permanecer mais tempo na região, gerando mais recursos para os municípios envolvidos”, explicou o ministro.
Neste mês de novembro, representantes dos nove municípios lançaram oficialmente o produto turístico “Vale Germânico: Caminhos da Imigração”. A ideia, segundo o governo local, é articular a região de forma integrada, potencializando as iniciativas locais, atraindo visitantes para os destinos que resgatam a cultura alemã, onde encontram as tradicionais casas enxainel (estilo arquitetônico típico germânico), museus que contam a história da imigração, festas que celebram a cultura alemã, gastronomia típica, pontos turísticos e religiosos, além do contato com a natureza, através de cachoeiras, parques e trilhas.
A prefeita de Novo Hamburgo e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), Fátima Daudt, destaca que tanto a escolha do nome quando à necessidade de inclusão deste como opção turística se deve às características regionais das cidades, a maioria colonizada por alemães e que mantém aspectos históricos, gastronômicos e arquitetônicos relacionados à cultura. “Precisávamos de uma identificação que remetesse ao DNA da nossa região. Continuamos Vale do Sinos, mas para fins de turismo somos o Vale Germânico”, resume Fátima.
Pedro Vasconcellos, secretário de Cultura e Relações Internacionais de São Leopoldo, afirmou o papel estratégico da cidade no Vale Germânico. “Essa iniciativa tem um elemento de animação e integração de retomada da identidade da cultura alemã, tem um forte orgulho das colônias, dos povos que imigraram para cá, e na questão cultural isso é muito forte. Veio numa hora muito boa e tem uma tendência de alavancar de forma muito positiva, aliando cultura, desenvolvimento econômico e identidade cultural no mesmo propósito e São Leopoldo tem um papel estratégico, especialmente de unir os esforços para restaurar a Casa do Imigrante como contribuição e ter ali como marco zero da imigração”.
Grupos de trabalho composto por gestores de turismo de todas as cidades sob jurisdição da Amvars integram a Câmara Setorial de Turismo da entidade e estão organizando de forma coletiva o Vale Germânico. O trabalho consiste no levantamento detalhado de atrações, espaços, serviços, restaurantes, hotelaria, receptivos, agências de viagens e o resgate da própria história da região, num trabalho minucioso de organização para fins turísticos. O levantamento já resultou na identificação de pelo menos 50 atrativos que irão compor os ‘Caminhos da Imigração’.
Por Vanessa Castro, com informações das prefeituras de São Leopoldo e Novo Hamburgo