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Pesquisa compara qualidade de vida de homens que passaram por prostatectomia

Estudo de doutorado levantou informações junto a 160 pacientes espanhóis e 165 brasileiros

Uma pesquisa de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) teve como principal objetivo comparar a qualidade de vida (QV) relacionada à saúde de homens brasileiros e espanhóis submetidos à prostatectomia radical. O estudo foi desenvolvido por Cassia Regina Gontijo Gomes, sob orientação de Anamaria Alves Napoleão, docente do Departamento de Enfermagem (DEnf) da UFSCar, e Pilar Mosteiro, da Universidade de Oviedo na Espanha. 

A prostatectomia radical é uma cirurgia comum no Brasil e considerada padrão ouro para o tratamento de câncer localizado na próstata. De acordo com Napoleão, o câncer de próstata é um dos mais prevalentes na população masculina e estudos sobre qualidade de vida depois de diferentes tipos de tratamento podem levar a melhores escolhas e cuidados após os procedimentos. "Além disso, outra vantagem da atual pesquisa está no conhecimento acerca de aspectos socioculturais que podem interferir na qualidade de vida de homens submetidos à prostatectomia radical", aponta a docente.

De acordo com a professora da UFSCar, a cirurgia tem um impacto positivo importante pois trata o câncer com altas chances de sucesso. No entanto, ela indica que alguns sintomas e sinais podem persistir, como incontinência urinária e disfunção sexual. "Esses sinais tendem a melhorar com o tempo, mas, pelo impacto psicossocial que causam, os profissionais da Saúde precisam estar atentos aos pacientes no sentido de promover uma melhor qualidade de vida", afirma Napoleão.

Para realizar a pesquisa, Gomes levantou informações junto a 160 pacientes espanhóis e 165 brasileiros. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com instrumentos de avaliação da qualidade de vida. Na comparação proposta, nos domínios Psicológico e de Relações Sociais, as médias brasileiras foram superiores às espanholas. No domínio Meio Ambiente, que envolve segurança e transporte, por exemplo, a pontuação foi superior na Espanha. 
"Essa diferença no Meio Ambiente não está relacionada ao câncer de próstata e seu tratamento, mas refere-se às diferenças sociais entre Espanha e Brasil", considera a professora, que acrescenta: "É importante que o Brasil desenvolva políticas de intervenção, como favorecimento de ambientes mais saudáveis e seguros para o convívio social, investimento na redução dos fatores que causam morbidade psicológica, melhorias nos meios de transporte, dentre outros, a fim de melhorar a percepção da QV dos brasileiros".

Em linhas gerais, a pesquisa indicou que, na Espanha, os aspectos que mais contribuíram para uma melhor avaliação da qualidade de vida foram recursos financeiros, acesso a informações e oportunidades de atividades livres. No Brasil, os fatores que mais favoreceram uma melhor percepção de QV por parte dos participantes foram ausência de sentimentos frequentes de mau humor, ansiedade e depressão. Para Napoleão, "esses resultados servem de subsídio e incentivo para que setores governamentais, espanhóis e brasileiros, desenvolvam ações que promovam melhorias da QV das duas populações. Também acreditamos que o engajamento e participação da sociedade civil no processo de formulação, implementação, controle e avaliação de políticas públicas propiciarão uma melhor percepção de qualidade de vida nos prostatectomizados dos dois países, assim como da sociedade em geral", conclui.

A tese de doutorado foi defendida no final de 2019 na Universidade de Oviedo, com parte da banca participando, ao vivo, do Brasil. Essa foi a primeira tese realizada em cotutela com dupla titulação no PPGEnf, por meio de parceria entre a UFSCar e a instituição espanhola, firmada por acordo acadêmico institucional que permite ao estudante obter título de doutor nas duas universidades, sob orientação de docentes de ambas as instituições. 

 

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