Uma bebê abandonada pela própria mãe. Seria mãe aquela que deixa a filha a própria sorte?
Angela tinha apenas 1 ano quando foi entregue a uma mulher, que a escravizou até os 17 anos. Sem amor, sem consideração, ela apenas servia aos donos da casa. Perdeu a visão de um dos olhos ainda criança, com 1 ano e meio, após brincar com um caco de vidro. A mulher que a criava não deu importância.
Trabalhando na roça, Angela conheceu o marido. Se apaixonaram, ela engravidou, casou. Os dois foram morar em Guatapará. Angela já havia sido expulsa da casa onde cresceu.
Aos três meses de gravidez, muito mal, foi encaminhada ao hospital de Ribeirão Preto. Lá, o médico disse que era preciso operar o apêndice, antes que ele "estourasse", porém um familiar tinha que autorizar o procedimento.
Com o marido trabalhando no campo e sem ter como falar com ele, Angela passou o telefone que ela tinha: o da mulher que a criou. Antes, já havia deixado o recado a vizinha.
O médico ficou surpreso quando a mulher que criou Angela respondeu, de maneira áspera, que não a conhecia.
-"Mas ela não é sua filha? Ela precisa ser operada!"
-"Não conheço nenhuma Angela". E desligou o telefone.
Ainda naquela noite, a vizinha daria o recado ao marido, que teria que esperar até a manhã seguinte para pegar um ônibus para Ribeirão Preto.
Angela finalmente foi operada com a chegada do esposo. Mudaram-se para Rincão após a recuperação.
A gravidez seguiu com tranquilidade, o casal teve mais filhos, passaram por muitas dificuldades. Deixavam de comer para que os filhos comessem.
A mãe biológica nunca quis saber notícias de Angela, muito menos a mulher que a criou, coisas que ainda magoam ela, mesmo tantos anos depois.
Angela tem quatro filhos, todos a amam, respeitam, são felizes. Batalhadora, Angela é uma super mãe. Uma mãe guerreira.
De segunda a sexta, uma história por dia na programação da Rádio Cultura durante o mês das mães. Saiba mais sobre a história da Angela no nosso programete especial: https://bit.ly/3u8FoaP
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