O Butantan já iniciou os estudos para analisar se a CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, é efetiva contra a variante delta (B.1.617.2, indiana) do SARS-CoV-2. O anúncio foi feito pelo presidente do instituto, Dimas Covas, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes. De acordo com o professor, o Butantan já está trabalhando no isolamento da variante delta.
“Nesse momento existem estudos em andamento com relação ao desempenho das vacinas, especificamente em função da variante delta”, afirmou Dimas. “Essa é uma medida necessária, e todas as vacinas têm que ser testadas dessa maneira. O Butantan se prepara para muito em breve também fazer um estudo semelhante a esse.”
Até o momento, há nove casos autóctones da variante delta no estado de São Paulo. De acordo com o último boletim epidemiológico da Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, iniciativa liderada pelo Butantan e que realiza o sequenciamento genômico de uma porcentagem das amostras dos resultados diagnósticos positivos para Covid-19, a variante gama (P.1) ainda predomina no estado de São Paulo, concentrando 90,74% dos casos, enquanto a variante delta tem incidência de 0,03%.
“A presença da transmissão comunitária da variante delta preocupa no estado de São Paulo e preocupa no Brasil, porque tudo indica que ela terá uma importância epidemiológica”, explicou Dimas, lembrando que em países como a Grã-Bretanha a cepa fez o número de casos e de internações por Covid-19 voltar a crescer. “Nós temos que ter todo o cuidado”, completou ele.
Dentre as ações que estão sendo planejadas em relação à vigilância epidemiológica da variante delta está o aumento do número de amostras sequenciadas e uma enquete soroepidemiológica para entender a penetração da variante na região. “São medidas que visam exatamente dar o atual panorama e ajudar a tomar as medidas compatíveis para fazer a contenção, se isso for necessário”, ressaltou Dimas.
Entrega de novas doses da CoronaVac
Ainda nesta quarta (21), um novo lote contendo 1,5 milhão de doses da CoronaVac foi encaminhado pelo Butantan ao Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde. Com esse envio, já são 57,649 milhões de doses da vacina entregues ao governo federal para a campanha nacional de imunização contra a Covid-19. Além de Dimas Covas, acompanharam a saída do carregamento o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, o secretário estadual de saúde, Jean Gorinchteyn, e a coordenadora geral do Programa Estadual de Imunização, Regiane Cardoso de Paula.
Na ocasião, o presidente do Butantan falou aos jornalistas presentes sobre os ensaios clínicos da ButanVac, nova candidata a vacina do instituto, que foram iniciados no começo de julho em Ribeirão Preto. Dimas Covas explicou que comparar o desempenho de uma vacina em relação às já existentes, principalmente em uma situação de pandemia, é estratégico.
“Partindo do basal de resposta imune de pessoas que já foram infectadas e vacinadas, ou que ainda não foram nem vacinadas e nem tiveram contato com o vírus, você aplica a ButanVac e estuda o que acontece com a resposta imunológica, tanto a produção de anticorpos quanto a resposta celular imune. Com isso, você calcula precisamente o incremento que essa vacina proporciona”, descreveu Dimas.