O empoderamento feminino se faz presente nesta edição do Araraquara Rock: as mulheres invadem a cena rock’n roll e chegam ao festival determinadas a garantirem seu espaço, mostrando qualidade e intensidade em suas apresentações.
Dez das dezessete bandas da programação trazem mulheres em suas formações: As Mercenárias, Sinaya, Tessalonica, Torture Squad, Blixten, Tutti Frutti, Vandroya, Soulspell, Hellside e Autoramas – sendo duas bandas compostas inteiramente por elas (As Mercenárias e Sinaya).
Também, além das mulheres na banda, a organização do festival conta com um belo time feminino: da presidente da Fundart, Gabriela Palombo, às apresentadoras do evento, Amanda Delphino e Larissa Futenma – aliás, as apresentadoras, junto a Carla Seratto Viana e Lídia Moura, formam a equipe feminina do júri do festival.
No ambiente predominantemente masculino, as artistas se esquivam do preconceito para provar com talento a que vieram. “No começo e até hoje ainda existe preconceito por sermos mulheres. Alguns falam que conseguimos alcançar algo por sorte ou por ser mulher, outros falam ‘por ser mulher até que está bom’ ou falam mal, mas com certeza esses sempre são minoria perto dos que nos apoiam e nos dão força pra continuar!”, conta Mylena, da banda Sinaya.
Kelly Hipólito, vocalista da Blixten, relata que começou a cantar com oito anos de idade e aos 13 formou sua primeira banda. “Minhas primeiras inspirações de vocal feminino foram Cyndi Lauper e Madonna (mesmo não sendo Heavy Metal), que sempre tratavam em suas letras a liberdade de expressão e a sua feminilidade, sem contar que elas cantavam tudo o que era tabu na época”, explica. “No começo minha família não botava fé, mas depois viram que eu não arredava o pé dos palcos e acabaram me dando o maior apoio”.
Kelly conta que, com o público, a aceitação ainda é estranha até hoje. “Quem não me conhece, tira sarro e não acredita que eu canto o que eu canto hoje, sempre pensam: ‘é só mais uma mulher querendo ser o que não pode ser’, e eu sempre provei ao contrário”, justifica.
Superando o preconceito do orgulho machista, as vozes femininas vêm marcando a história do rock com atitude e originalidade. São vários exemplos, como: Deborah Harry, Janis Joplin, Joan Jett, Patti Smith, Lita Ford, Gwen Stefani, Amy Lee e, claro, a grande diva roqueira brasileira, Rita Lee. Muitas delas, nem sempre tiveram apenas talento – elas são ou foram exemplos de força, uma para as outras.
“Independente da banda ser de mulher ou homem, isso não deve ficar sempre em destaque, pois ambos – acima de tudo – curtem o som, fazem música com a alma e o coração e é muito bom ver a galera cantando e curtindo sua música. Isso é algo que não precisa de classificação de gênero pra sentir”, alerta Mylena.
“E a melhor vantagem disso tudo, de todo o preconceito (mesmo que hoje seja mínimo, graças ao respeito que eu consegui ganhar) é que eu sei que eu vou continuar fazendo o que eu faço hoje, e dizer aos berros: Mulher pode tudo!", finaliza Kelly.
O Araraquara Rock será realizado de 13 a 16 de julho, com todos shows gratuitos. A programação completa pode ser conferida no site da Prefeitura de Araraquara ou na página do Facebook (@araraquara.rock).