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As brutais críticas ao musical ‘Cats’, que muitos já consideram ‘um dos piores filmes do ano’

Em poucas horas, um dos filmes mais esperados do ano foi inundado por críticas negativas: Cats, cuja estreia no Brasil está prevista para 25 de dezembro, está sendo chamado por alguns críticos de "um dos piores filmes do ano".

A superprodução baseada em um longevo musical tem um elenco repleto de estrelas, como Taylor Swift, Judy Dench, Idris Elba, James Corden, Jennifer Hudson e Ian McKellen. Mas, assim que foi liberado o embargo às resenhas sobre o filme, começaram a pipocar críticas ferinas.

"É a pior coisa a acontecer com os gatos desde (o surgimento dos) cachorros", diz o título da resenha da revista Comics Beat, assinada por Edward Douglas.

"Se você assistiu ao primeiro trailer de Cats, provavelmente já se preparava para um desastre cinematográfico de proporções épicas", escreveu Mark Goldberg em Collider. "Essa preparação vai ser útil se você escolher assistir ao filme pronto. (…) Assistir a Cats faz você sentir que está lentamente ficando louco."

Para Richard Lawson, crítico da Vanity Fair, o filme é "como um animal de rua feio e malcheiroso que não deveria ser convidado a entrar em casa. Entretanto, é uma critira viva, digna ao menos de um pouco de compaixão".

Muitas resenhas destacam o empenho dos atores e os esforços de coreografia, mas tecem críticas à direção de Tom Hooper (Les MisérablesO Discurso do Rei), ao estranho aspecto dos gatos do filme — que estão sem roupas, mas, ao mesmo tempo, sem órgãos sexuais à vista — e à própria história em si, de "uma tribo de gatos chamada Jellicles que tem de decidir anualmente qual deles vai ascender a Heaviside (uma espécie de paraíso) e voltar à uma nova vida Jellicle", segundo a descrição do site IMDB.

Reportagem do jornal britânico The Guardian afirmou que "era difícil prever a reação do público à estreia de Cats", destacando que um "silêncio incômodo dominou os cinemas de Londres e Nova York, enquanto críticos lutavam para digerir as imagens que haviam visto. (…) Alguns ficaram chocados com a similaridade visual e de tom com A Centopeia Humana, filme de horror em que vítimas de sequestro são costuradas umas às outras, bocas com ânus. O desconforto vem das decisões visuais de Hooper. Os personagens não são nem gatos reconhecíveis ou — como na musical teatral — humanos vestidos de gatos. Em vez disso, são híbridos com anomalias anatômicas."

O musical original, de Andrew Lloyd-Webber, baseado em um poema de T.S. Elliot, ficou nos palcos por 38 anos, como um dos musicais mais rentáveis da história: desde sua estreia londrina, em 1981, foi bem-sucedido em Nova York e em Londres.

A versão cinematográfica era altamente esperada, mas, apesar dos nomes oscarizados diante e detrás das câmeras, não chega à altura do musical, afirma o crítico de cinema da BBC, Will Gompertz.

"A soma (dos atores) é muito menor do que as partes, por mais famosas e talentosas que sejam as pessoas que os interpretem", diz Gompertz.

"A história demora muito para avançar e, quando avança, lhe faltam convicção real ou emoção. A dura verdade é que o filme parece plástico, sem coração ou alma. Isso pode ser um problema pela fonte do material e sua adequação para ser transferida do palco para as telas. Apesar de seu notável sucesso (nos palcos), o fato é que nem tudo que é bem-sucedido em um meio funciona em outro. Não é (um filme) terrível, certamente tem mais do que o trailer mostra, mas de algum modo é menor que o original de Lloyd-Webber."

Outra questão que tem gerado resistência são os efeitos digitais do filme: a maioria dos protagonistas, que emulam gatos de rua, têm corpos felinos digitalizados, com rostos que lembram seus atores humanos.

"Transportar Cats para as telas sempre seria difícil, principalmente com a decisão feita de criar uma versão em live-action, em vez de uma animação", diz a crítica do New York Times, embora destaque o "esforço robusto" da direção de Hooper. "O teatro tradicional depende de o espectador aderir a um equilíbrio muito delicado de realidade e não-realidade, que vem de o público respirar o mesmo ar e compartilhar o mesmo espaço que os atores reais; o cinema cria um efeito diferente de realidade, ou, se você insistir, de mágica. Parte do prazer do teatro (se você for fã) é esse fator humano; mas, sem a presença de trabalhadores esforçados com roupas peludas divertidas neste Cats, só o que sobra são imagens enlatadas de pessoas em boa forma fazendo miau e elevando seus quadris."

Ainda é cedo, porém, para dizer se as críticas influenciarão os espectadores e se Cats vai se dar bem ou mal nas bilheterias.

O que se sabe é que também aí o filme terá um obstáculo: estreia no mesmo fim de semana que Star Wars: A Ascensão de Skywalker, que, embora tenha dividido a crítica, é parte de uma das franquias mais rentáveis da história do cinema.

 

 

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