A cor da vez é o lilás! A campanha Março Lilás tem como objetivo informar a população sobre os perigos do câncer do colo do útero, terceiro câncer que mais acomete mulheres no Brasil. Jesus Paula Carvalho, professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe da equipe de Ginecologia Oncológica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, explica melhor sobre a prevenção e a vacina contra a doença.
O que causa
Conforme conta o professor, o câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, acomete mais de 17 mil mulheres e pessoas com vulva por ano no Brasil. Dessas, 7 mil morrem em decorrência do câncer. O professor explica a principal causa.
“A doença, que se localiza no colo do útero, que é a parte do útero que fica exposta na vagina, é decorrente da infecção por um vírus ou por uma família de vírus chamado papilomavírus humano ou HPV. Principalmente o HPV número 16 e o 18, mas tem vários outros que também causam câncer”.
Importância da detecção precoce
Jesus Paula Carvalho conta que um dos grandes perigos do câncer do colo do útero é que ele se desenvolve de maneira assintomática, até os estágios finais: “É uma doença traiçoeira, porque ela transcorre de forma silenciosa até os estágios avançados, quando só então dá sintomas. Até esse período se desenvolve de forma silenciosa, mas ela pode ser evitada através de vacinas e de exames de prevenção”.
A infecção pode ser detectada por meio de testes de HPV ou por exames ginecológicos, o papanicolau. Se detectado precocemente, o câncer possui 100% de sucesso de cura. Contudo, nos estágios avançados, o tratamento se torna bem mais complexo, exigindo radioterapia, e a chance de sucesso decai bastante.
Portanto, é importante realizar exames de detecção com frequência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipula que devem ser feitos duas vezes por ano.
Vacina e erradicação
O especialista explica que o vírus HPV é um patógeno bastante conhecido pela literatura médica e que já existe uma vacina eficaz contra ele. Tanto que o câncer do colo do útero pode ser erradicado ainda neste século.
“É possível eliminar essa doença do planeta, basta a gente tomar algumas medidas. A OMS definiu três pilares: o primeiro e mais importante de todos é garantir que pelo menos 90% das meninas recebam a vacinação contra HPV. Essa vacina deve ser feita entre 9 e 14 anos, antes delas terem qualquer atividade sexual. O segundo pilar é garantir que pelo menos 70% das mulheres façam pelo menos dois testes de rastreamento. O terceiro pilar seria garantir que essas lesões que são detectadas recebam esse tratamento adequado”, conclui o ginecologista Jesus Paula Carvalho.
Vale lembrar que, embora o câncer cervical obviamente não acometa pessoas sem útero, é importante que os meninos também se vacinem. Além de poderem ser vetores de transmissão para as mulheres, o HPV pode levar a outras complicações, entre elas o câncer de pênis. Vacinas salvam vidas.
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