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Cesta básica araraquarense ultrapassa a marca de R$ 900

Pesquisa aponta que, pela primeira vez, o custo médio dos produtos analisados superou 74,5% do salário mínimo

Em março de 2022, o valor médio da cesta básica em Araraquara apresentou aumento de 4,02%, segundo a pesquisa mensal do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara. O custo da cesta, que em fevereiro deste ano era de R$ 867,56, passou para R$ 902,46 – um encarecimento de R$ 34,90.

Analisando os grupos de produtos, em março, a alimentação apresentou alta de 3,87% em relação a fevereiro, o de higiene pessoal subiu 2,23% e o de limpeza doméstica registrou a maior elevação percentual no período, de 8,72%. 

Os produtos que mais subiram de preço no mês foram: ovos brancos (14,2%), alho (13,1%), farinha de mandioca torrada (12,8%), óleo de soja (11,8%) e cebola (11,3%). E as únicas quedas foram encontradas na salsicha avulsa (-2,2%) e no creme dental (-1,1%).

O ovo branco registrou o maior aumento mensal. Esse resultado está ligado, segundo o CEPEA, aos elevados custos de produção pelos avicultores – especialmente, milho e farelo de soja, além da baixa oferta e demanda aquecida. O mercado interno firme está ligado ao período da quaresma, quando historicamente se consome mais ovos.

Já o aumento que mais impacta o bolso do consumidor é o do óleo de soja, que elevou o custo da cesta analisada em R$ 5,06. Por outro lado, a redução no preço do creme dental provocou uma redução de apenas R$ 0,16 no custo médio da cesta. O aumento de preço do óleo de soja está relacionado à apreciação das cotações do grão, que, de acordo com a CONAB, é causada pela quebra de safra observada em toda a América do Sul, a guerra entre Rússia e Ucrânia e os prêmios de porto no Brasil.

Icaro Zancheta, pesquisador do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara, destaca que os resultados encontrados em março superam os anteriores. "Essa alta é expressiva. Em termos percentuais, é a maior desde dezembro de 2020, quando a cesta subiu 4,23%. Já em reais, o acréscimo de R$ 34,90 desse mês é o terceiro maior de toda a série histórica, ficando atrás apenas de setembro de 2020 e dezembro de 2019, que apresentaram altas de R$ 39,22 e R$ 36,92, respectivamente."

Icaro ressalta ainda que, pela primeira vez, o custo médio da cesta analisada pela pesquisa superou a marca de R$ 900. "Além disso, o estudo do espalhamento da inflação entre os produtos apontou que 30 dos 32 itens coletados pela pesquisa apresentaram elevação, uma taxa de 93,75%."

 

Inflação em 12 meses

A inflação acumulada em 12 meses para o custo total da cesta foi de 17,21%. Os produtos que mais subiram de preço entre abril de 2021 e março deste ano foram: café torrado moído (90,95%), batata inglesa (60,59%), açúcar refinado (43,74%) e óleo de soja (34,05%). O único produto que obteve queda no mesmo período foi o arroz branco (-13,3%).

O café segue liderando os aumentos de preços nos últimos 12 meses. Segundo a CONAB, isso se deve à restrição da oferta de café no mercado interno, que mantem os preços pressionados. Com a continuidade das cotações internacionais elevadas, os cafeicultores têm preferência pela comercialização do produto no mercado externo.

Já entre as quedas, o destaque segue sendo o arroz que, apesar de altas consecutivas nos últimos dois meses, passa hoje por um processo de excedente de oferta, causado pelo menor volume comercializado tanto no Brasil, como no mercado externo. Com isso, os preços vêm se mantendo abaixo do auge da pandemia, quando foi um dos itens mais inflacionados.

 

Cesta básica versus salário mínimo

Em Araraquara, atualmente, o custo médio da cesta básica representa 74,5% do salário mínimo. O valor é 2,9 pontos percentuais acima do registrado no mês anterior, de 71,6%, e 4,5 pontos percentuais acima do apontado no mesmo mês do ano passado, isto é, em março de 2021, quando o valor da cesta básica representava 70,0% do salário mínimo vigente à época. Em março de 2020, período inicial da pandemia, a cesta básica representava 60,4% do salário mínimo do araraquarense.

Para adquirir os produtos analisados, o tempo médio necessário para um trabalhador que recebe o piso nacional vigente de R$ 1.212,00 por 220 horas mensais trabalhadas, ficou em 163 horas e 49 minutos, aproximadamente. Essa jornada é superior ao mês anterior, fevereiro, quando eram necessárias 157 horas e 29 minutos de trabalho para consumir a mesma quantidade de itens.

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