Apenas cerca de 60% do lixo domiciliar de Araraquara foi coletado nesta terça-feira, dia 15, segundo informou Deijane da Conceição, gerente da empresa responsável pelo serviço. Ele utilizou a Tribuna da Câmara Municipal na sessão ordinária de hoje, para ressaltar a insatisfação dos profissionais com as mudanças no sistema de coleta, impostas por uma decisão judicial, após ação do Ministério Público do Trabalho (MPT). Conceição estava na Câmara acompanhado de alguns coletores.
De acordo com decisão judicial, os trabalhadores da coleta de lixo orgânico não podem mais ser transportados no estribo do caminhão em Araraquara. Após cerca de 5 anos de tratativas entre DAAE e MPT, decisões e recursos o prazo para o Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara se adequar acabou no dia 27 de janeiro de 2022, quando a autarquia retirou os estribos do caminhão, mas teve que recolocar o dispositivo no dia seguinte depois que os coletores demostraram não suportar correr o dia todo atrás do caminhão.
Nesta segunda-feira, dia 14, a empresa mais uma vez retirou os estribos e, desde então, o serviço começou a perder qualidade, com atrasos na coleta por causa do cansaço dos trabalhadores, que precisam correr cerca de 30 quilômetros durante o expediente. “Os coletores estão sofrendo com essa mudança. A cidade vai sofrer também. Não iremos conseguir fazer [a coleta] com esse modelo que estão exigindo”, disse Deijane Conceição na Tribuna da Câmara.
Ele ressaltou ainda que existem três modelos impostos pela Justiça para a coleta de lixo em Araraquara. Um deles seria transportar os trabalhadores na cabine do caminhão coletor. A segunda alternativa seria transportar os coletores em um carro de apoio ou “correndo atrás do caminhão, mas eles não aguentam.”
O gerente ainda apresentou imagens de um teste feito com um carro de apoio transportando os coletores durante o serviço, um dos modelos indicados na decisão judicial. Segundo Deijane, dentro de uma hora a coleta percorreu 3 quilômetros, o que “atrasaria muito o serviço”.
O presidente da Câmara, Aluísio Boi (MDB), disse que o sistema com um carro de apoio não funciona e, na sua avaliação, oferece mais riscos de acidente aos trabalhadores. “Em uma rua movimentada fica inviável e vai irritar ainda mais os motoristas”, disse o vereador.
Reunião
Nesta quinta-feira, dia 17, uma alternativa ao modelo de trabalho dos coletores de lixo deve ser discutida pelo sindicato que representa a categoria e o Ministério Público do Trabalho (MPT). A medida foi resultado de uma ação de 2017, movida pelo MPT, que pedia mudanças no modelo de trabalho dos coletores. Em 2020, a Justiça determinou as alterações e o município teve 12 meses para se adequar.
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