Em uma atividade de campo realizada no início de setembro por docentes e alunos do do curso de Biologia da Universidade de Araraquara – Uniara, foi constatada, em uma área de remanescentes de vegetação de cerrado do município, a existência de espécie de cactácea – Arthrocereus melanurus – que, de acordo com o professor, João Carlos Geraldo, apesar de haver relatos de sua existência, até então nunca havia sido registrada no estado de São Paulo.
"Saímos a campo e nos deparamos com uma espécie de cacto diferente, com forma de rabos de gatos erguidos. A professora Flávia Cristina Sossae chamou a minha atenção para essa peculiaridade e resolvi fotografar a planta, para registro. Depois, mais adiante na trilha, deparei-me com outros exemplares e também os fotografei, junto com bromélias e palmeiras de cerrado que avistei", recorda-se Geraldo.
Integrante de um grupo de identificação de bromélias, ele conta que resolveu postar fotos do hábito de uma delas, "geralmente vista em áreas mais úmidas, como árvores e rochas nas margens de rios da região". "Junto com essas fotos estava uma do cacto, para mostrar as características do ambiente onde estavam, o que chamou a atenção de um conhecido meu, viveirista e pesquisador especializado em bromélias e cactos. Ele me perguntou a identidade da espécie e, como eu não tinha ideia, aguardei o retorno das informações que ele obteve junto a um especialista", relata.
Assim, foi constatado que se tratava de uma espécie de cactácea bastante ameaçada, segundo o docente. "Os alunos estão chamando a espécie de cacto-rabo-de-gato-bravo. O diretor do Cactário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro entrou em contato para levantar a possibilidade de fazermos ou acompanharmos uma coleta de material para o herbário da instituição, o que ocorreu no último sábado, dia 2 de outubro, com a presença de um dos maiores colecionadores e produtores de cactos e suculentas no país, Gerardus Olsthoorn, vindo especialmente de Holambra para isso", destaca Geraldo.
"O material coletado por Olsthoorn será encaminhado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, junto com dados de localização e muitas fotografias. Com esse material, será realizado um voucher de herbário, com testemunho da ocorrência da espécie no estado, com a planta desidratada e outros dados relativos à coleta", detalha o professor.
Geraldo menciona que, posteriormente, recebeu uma mensagem do diretor do cactário, que agradeceu a colaboração da equipe nessa descoberta, já que a espécie tem status de planta ameaçada. "E, por esse mesmo motivo, não divulgamos a localização da população de cactos, o que evita depredações. A população está em equilíbrio, o que é importante dos pontos de vista ambiental e de biodiversidade", finaliza.