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Espetáculo ‘Transgressoras’ questiona papel da mulher na sociedade

Em uma sociedade patriarcal, em que mulheres travam lutas diárias para ocupar lugares de poder para além do papel de cuidadoras do lar no qual foram culturalmente colocadas, não é por acaso que as mulheres são também conduzidas por seus pares masculinos na dança de salão. Uma posição quase natural, que passa despercebida pelos olhares comuns, mas que tem sido questionada por coletivos atentos à necessidade de se romper com essa “tradição”.

Nas capitais e grandes centros, a condução na dança tem sido questionada e novas possibilidades surgiram. No Interior Paulista, esta proposta disruptiva vem sendo mobilizada no dia a dia pelo Grupo Embalanço que, agora, convida para este debate outros coletivos e o público no espetáculo de dança de salão contemporânea “Transgressoras – sobre muros invisíveis”, criado em parceria com o Studio Zambabem, que tem estreia dia 04 de julho, às 20 horas, a Casa Colonial, e outras cinco apresentações já confirmadas em Araraquara.

Na montagem contemplada pelo Edital ProAc 03/2023, do Governo do Estado de São Paulo, na modalidade “Dança / Produção de Espetáculo Inédito”, três mulheres dançam pelos cômodos de uma casa de estilo colonial em um diálogo feito por meio de movimentos a dois sobre opressões, solidão, objetificação e violências vividas em um lugar que deveria ser de acolhimento, segurança e proteção.

O público mergulha em histórias sobre machismo, violência de gênero e racismo, que questionam a condução das vidas das mulheres e o papel que elas ocupam na sociedade a despeito de suas próprias escolhas e oportunidades, e como tudo isso se reflete na dinâmica da dança, especialmente na dança de salão.

Sobre a pesquisa

A pesquisa que deu origem ao projeto “Transgressoras – sobre muros invisíveis”, começou em 2021 a partir do incômodo das intérpretes criadoras Sabrina Kelly, Magda Silva e Luzinete Silva, que também é diretora geral, e do diretor artístico Alexandre Julianetti, sobre o lugar de conduzida das mulheres nas danças a dois.

“Na vivência das danças a dois é muito comum o discurso de que ‘não posso dançar porque não tenho parceiro’, mas nós já colocamos em prática a condução compartilhada e a troca de pares e evitamos falar em dama e cavalheiro para mudar esse discurso”, relata a diretora Luzinete Silva. Ela conta que, nas capitais, já se veem mulheres conduzindo, mas no Interior isso ainda é muito sutil. “Para isso chegar a mais lugares, precisamos da participação de outros coletivos e de outras iniciativas como espetáculos, cursos, formações”, fala.

É por isso que “Transgressoras” traz três mulheres se alternando na condução da dança e na busca da condução de suas próprias vidas, em um espaço que também não é o salão tradicional, mas uma casa e seus cômodos, o cenário das violências sofridas por tantas mulheres no convívio doméstico. “O espetáculo transgride e subverte essa lógica imposta, propondo novas possibilidades de condução e meios de se conduzir, revelando uma mulher protagonista da própria história, que não precisa nem espera a condução de um par”, explica Luzinete.

Temporada

O grupo se apresenta nos dias 4, 5, 10, 11, 18 e 19 de julho, às 20 horas, na Casa Colonial, localizada na Avenida Sete de Setembro, 432, Centro de Araraquara. A entrada é gratuita, mas o espaço é limitado a 30 pessoas por sessão, por isso é preciso fazer reserva de lugar até um dia antes da sessão.

Após cada uma das apresentações haverá bate-papo com a direção e elenco do espetáculo. Uma ótima oportunidade para que o público possa conhecer um pouco mais sobre o trabalho.

Sobre o Grupo Embalanço

O Grupo Embalanço é um grupo de estudo e pesquisa em dança de salão em diálogo com a dança contemporânea que atua com produção, criação, aulas e residências artísticas há 17 anos. Na Sede Embalanço, em Araraquara, o grupo oferece aulas regulares de dança de salão e desenvolve suas produções artísticas.

Dentre os trabalhos do grupo destacam-se o vídeo dança “Transgressoras Experimento Número 02”, premiado pelo Edital Aldir Blanc; “Duas é Par”, premiado no 20º Festival Internacional de Dança de Araraquara, em 2020; “Seu Lua”, premiado no 14º Festival Internacional de Dança de Araraquara, em 2014; e “Miscelânea”, Prêmio Circuito Cultural Paulista 2011.

Ficha Técnica

Direção: Luzinete Silva

Direção Artística: Alexandre Julianetti

Intérpretes Criadoras: Luzinete Silva, Sabrina Kelly e Magda Silva

Assistente de direção e de coreografia: Magda Silva e Sabrina Kelly

Provocação cênica: Gilsamara Moura

Cenografia e Concepção de luz: Raquel Bonazzi

Figurinos e adereços: Adriano Reali

Sonoplastia e Desenho de som: Wisley Luiz

Coordenação de Produção: Luzinete Silva

Produção executiva: Neila Dória

Produção: Alexandre Julianetti

Assistente de Produção e Mediação/Articulação de Público: Aline Lopes

Identidade Visual: Marina Amaral

Coordenação de Comunicação: Priscila Viana

Assessoria de Imprensa: Fernanda Miranda

Fotografia: Leila Penteado

Registro audiovisual: Guilherme Bonini

Trabalho criado em processo colaborativo pela equipe: Grupo Embalanço e Studio Zambabem

Realização: Grupo Embalanço

Serviço

Espetáculo: “Transgressoras – sobre muros invisíveis”

Um espetáculo de dança de salão contemporânea

Criação: Grupo Embalanço em parceria com Studio Zambabem

Data: Dias 4, 5, 10, 11, 18 e 19 de julho, às 20 horas

Local: Casa Colonial – Avenida Sete de Setembro, 432, Centro

Entrada gratuita – limitada a 30 pessoas por sessão

Reserva de ingresso: até um dia antes da apresentação pelo Instagram @embalancoararaquara ou pelo telefone (16) 99607-3077

** Após o espetáculo haverá bate-papo com o elenco

Duração | 60 minutos

Classificação | 16 anos

Redação

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