O araraquarense Ignácio de Loyola Brandão foi eleito, por unanimidade, para a Cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras no dia 14 de março, por unanimidade. Ele ocupará a cadeira que já foi de Hélio Jaguaribe, Celso Furtado e Darci Ribeiro.
Há cinco meses, o escritor se dedica à elaboração do discurso de posse. Além de referências aos ocupantes que o antecederam, o escritor afirma que prestará homenagem a duas figuras marcantes de sua trajetória: as professoras Lurdes Prada e Ruth Signini, que despertaram o interesse do ainda menino Ignácio à leitura e à contação de histórias.
Foram cinco meses preparando a fala para a cerimônia que ocorre no próximo dia 18 de outubro. O fardão também já foi provado. “Ficou muito bonito”, disse o escritor.
Ignácio antecipou esses detalhes durante sua participação no projeto Autoria, que o Sesc Araraquara realiza até o dia 5 de outubro. Na mesa de abertura, realizada na noite de quarta-feira (2), o araraquarense esteve acompanhado pela escritora Marina Colassanti. O público lotou o espaço do evento para aplaudir o filho ilustre.
Durante sua fala, Ignácio não se esquivou de temas espinhosos, como política. "Em 1982, eu lancei meu livro Não verás país nenhum. Disseram que era uma distopia, pois eu falava de coisas como a violência em São Paulo, as questões ambientais. No ano passado, antes da eleição, lancei Dessa terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela em que eu falava de um presidente sem cérebro. Isso, hoje, é realidade no Brasil. A literatura tem essa capacidade de se antecipar", declarou o escritor, recebendo aplausos do público presente.
Ignácio contou histórias da carreira de mais de cinquenta anos, desde quando mudou para São Paulo aos 21 anos. Trabalhou no jornal Última Hora e nas revistas Claudia, Realidade, Setenta, Planeta, Ciência e Vida, Lui e terminou a carreira em Vogue. Atualmente escreve uma crônica quinzenal para o jornal O Estado de S. Paulo.
O romancista recebeu, pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Machado de Assis de 2016, outorgado pela Academia Brasileira de Letras. Publicou mais de 42 livros, entre romances e contos, crônicas, viagens, infantis e infanto-juvenis e uma peça teatral. Entre eles: Zero; Não verás país nenhum; Dentes ao sol; O beijo não vem da boca; Cadeiras proibidas; O anônimo célebre; e O mel de Ocara.