O nível de inadimplência em Araraquara segue em queda pelo oitavo mês consecutivo, sugerindo que o consumidor araraquarense tem conseguido manter em dia o pagamento de novas dívidas. Segundo levantamento feito pelo Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara, com base nos dados divulgados pela Boa Vista SCPC, no mesmo período o indicador de recuperação de crédito também vem apresentando trajetória descendente, o que pode não ser uma boa notícia para a economia do município.
O indicador de Inadimplência, elaborado a partir dos novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista SCPC pelas empresas credoras, registrou em março queda de 2,8% em relação ao mês anterior, enquanto que na comparação interanual o indicador caiu 11,9%. É a maior queda ocorrida desde janeiro de 2015, quando o número de inclusões havia caído 12,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os devedores que saldam suas dívidas e são excluídos dos registros de inadimplência conformam o indicador de recuperação de crédito que, em termos municipais, não vem apresentando resultados favoráveis. Confrontando os dados mensais, Araraquara registrou queda de 3,4% entre fevereiro e março de 2019. Já na comparação contra março de 2018, houve redução de 18,1% dos negativados que quitaram seus débitos, a maior queda registrada desde junho de 2017.
Se, por um lado, a redução da inadimplência representa um ganho para o município – motivando a diminuição dos juros cobrados pelos bancos na oferta de crédito à pessoa física, o mesmo não pode ser deduzido para a variação negativa da recuperação de crédito. Na verdade, a queda do indicador sugere que os endividados estão tendo dificuldade de reequilibrarem sua situação financeira, e a permanência nos registros de inadimplência colocam esses consumidores em situação de restrição das possibilidades de consumo, causando, na prática, a sua contração.
As adversidades ocorridas na economia nos últimos anos e a estagnação do emprego vem impactando negativamente a expectativa de rendimento das famílias, gerando maior cautela na tomada de crédito e no ritmo de consumo. Essa redução na demanda acaba sendo um fator mais relevante para queda do fluxo de negativados do que o aumento da capacidade de pagamento dos consumidores, uma vez que os níveis de recuperação de crédito têm apresentado consecutivas quedas nesse mesmo período. É importante considerar também que o avanço da inflação e os aumentos no valor da cesta básica têm absorvido maior parcela da renda da população para o consumo básico, afetando dessa maneira a capacidade das famílias liquidarem suas dívidas