InícioEsporteLesões, superação e artilharia: A história de Hygor

Lesões, superação e artilharia: A história de Hygor

Com quase dez anos na Ferroviária, atacante é um dos atletas com mais tempo de clube

O atacante Hygor é um dos atletas que está há mais tempo na Ferroviária. Veio para o clube com 19 anos para integrar as categorias de base da Locomotiva. Desde então, são nove anos vestindo a camisa Grená. Participou do histórico acesso à elite em 2015 e marcou os gols na final da Copa Paulista de 2017. Em 2020, é um dos artilheiros da equipe na temporada.

Hygor Cleber Garcia nasceu na cidade de Franca, em 1992. É o caçula de quatro filhos. Não é difícil ver Hygor ser chamado de “Cesinha”. “Eu sou o Hygor Cesinha por causa do meu irmão mais velho, o César Augusto. É meu apelido em Franca por causa dele”, fala. César Augusto, cinco anos mais velho, foi fundamental para a trajetória de Hygor. “Desde pequeno eu sempre sonhei em ser profissional, teve muita influência do meu irmão, que chegou a ser jogador profissional. Eu me espelhava muito nele”. O irmão do Hygor jogou na Francana, Jaboticabal, Ferroviário-CE e, depois de uma passagem pelo Vietnã, resolveu encerrar a breve carreira com apenas 27 anos. Mas antes da aposentadoria, os dois irmãos chegaram a atuar juntos, como você verá mais pra frente.

Com 10 anos, Hygor entrou na escolinha do Franca Futebol Clube. Depois, foi para outra escolinha da cidade, que tinha uma parceria com a Francana. Com 16 anos, ele já estava atuando no time principal da Veterana. “Tudo na minha vida aconteceu muito rápido. Eu fui para a Francana atuar na base, mas gostaram do meu futebol e me promoveram para o time principal”. Em 2009, a Francana estava disputando o quadrangular final da série A3. No dia 07 de junho daquele ano, o adversário foi a Itapirense. Foi quando Hygor atuou pela primeira vez no time principal. E foi nesta data que ele atuou pela primeira e única vez ao lado do irmão. “Nesse jogo meu irmão estava no time titular, eu acabei entrando no segundo tempo. E ele fez gol nosso ainda”, relembra.

No final de 2011, com 19 anos, Hygor veio para a Ferroviária fazer parte da equipe sub-20. Chegou a ser integrado com o elenco principal do time, mas começou o histórico de empréstimos do jogador. Em 2012, foi para o Ivinhema disputar a elite sul-mato-grossense. “Foi uma experiência muito boa pra mim, porque foi o primeiro time que eu tive sequência na equipe principal. Marquei dois gols”. Mas foi também lá que ele teve a primeira lesão da carreira. “Assim que começou o segundo turno, eu tive uma fratura na fíbula e rompimento do ligamento do tornozelo esquerdo. Me lesionei com um carrinho que tomei do adversário. Aí tive que operar”. Operou no Mato Grosso do Sul, e depois retornou para a Ferroviária, para se recuperar. Ficou parado por seis meses.

No início de 2013, já recuperado, Hygor foi emprestado ao Barretos, para disputar a série A3. Quando acabou a competição, retornou para a Ferroviária e disputou a Copa Paulista.

Em 2014, a Ferroviária fez uma parceria com o Guariba, time que disputava a quarta divisão paulista. Hygor foi emprestado para o time, junto com outros jogadores da Locomotiva. Foi o artilheiro do Guariba com 11 gols. “Chegamos até a terceira fase naquele ano”.

Ainda em 2014, retornou para a Ferroviária. No ano seguinte, participou da campanha histórica do clube que resultou no título da série A2 e no retorno da Locomotiva para a elite paulista depois de 19 anos. Na campanha daquele ano, Hygor marcou seu primeiro gol pelo time principal da AFE. “Foi naquele jogo contra o Monte Azul, que vencemos por 7 a 1”. Ele também recorda da emoção do acesso. “Foi uma das melhores sensações que tive na Ferroviária. O elenco era muito qualificado, não foi à toa que conseguimos o acesso com antecedência. E pra alguém que veio da base do clube como eu, é uma sensação única. Sou muito grato por ter participado deste momento”.

Depois do acesso com a Ferroviária, Hygor foi emprestado para o Noroeste ainda em 2015, para disputar a quarta divisão paulista novamente. Mais uma vez, vários jogadores grenás foram junto com ele. Hygor teve boas atuações e foi o artilheiro competição, sendo fundamental na conquista do acesso para a série A3 pelo Noroeste. “Foi o segundo acesso da minha carreira, e o segundo no mesmo ano (risos). E ainda terminei como artilheiro da competição, com 22 gols marcados”, média exata de um gol por partida.

Retornou para a Ferroviária. No início de 2016, realizou um sonho: atuar fora do país. Foi para a Coréia do Sul, vestir a camisa do Suwon Samsung Bluewings. Atuou na Copa da Coréia, Liga dos Campeões da Ásia e Campeonato Coreano. Mas, ao mesmo tempo em que realizava o sonho, Hygor sofria mais uma vez com lesão. Dessa vez, lesionou o hálux valgo, popularmente conhecido como joanete. “Tomei um carrinho e aí ela inflamou. Tive que ficar um mês e meio parado até desinchar. Acho que fui o único jogador da história que teve essa lesão, não conseguia nem andar”. Depois de um mês e meio parado, quando se preparava para retornar aos gramados, mais uma lesão. “Aí tive pubalgia. Fiz o exame e detectaram. Fiquei cinco meses tratando, e voltei aos gramados no finalzinho da temporada”.

Hygor retornou para a Ferroviária, mas por pouco tempo. No primeiro semestre de 2017, foi emprestado para a Penapolense. Retornou no segundo semestre e, finalmente, teve uma sequência de jogos pela Locomotiva, durante a disputa da Copa Paulista. “Primeira vez que tive uma sequência! Comecei no banco de reservas. A partir do segundo turno, passei a ser titular e não saí mais do time”.

Na época, o técnico era o PC Oliveira, e acreditou no futebol do atacante. “Foi meu recomeço na Ferroviária, o PC me ajudou muito. É um cara que me acolheu naquele momento de insegurança que eu tinha, de instabilidade dentro do clube”. Hygor foi um dos artilheiros do time, com 12 gols. Dois deles no último jogo da decisão, que culminaria no título da Ferroviária. “Tive a felicidade de fazer dois gols na final contra a Inter de Limeira, em Araraquara. Foi a segunda vez que vi a Fonte Luminosa totalmente lotada”, recorda. O jogador diz que foi mais um momento importante em sua carreira. “Quando estava na base, sempre busquei atuar no time principal, conquistar títulos. Foi mais uma sensação única que tive com a camisa da Ferroviária, meu segundo título aqui”.

Em 2018, ele disputou o primeiro Paulistão pela Locomotiva. Titular, foi o artilheiro do time ao lado de Leo Castro, com três gols. No segundo semestre, foi emprestado e teve passagens por Sport-PE (na época, elite do Brasileiro) e Juventude-RS (série B do Brasileiro), e depois retornou para disputar o Paulistão de 2019 pela Ferroviária. Porém, entre a passagem pelo Sport e o início do Paulistão, Hygor enfrentou lesões no reto femoral direito. “Fiquei afastado 120 dias de todo trabalho de campo, só para tratar a lesão”, comenta o jogador, que acabou não atuando na elite paulista daquele ano.

Quando se recuperou, ainda em 2019, foi emprestado para o Paysandu-PA, que disputava a série C do Brasileiro. “Lá eu consegui ter uma sequência, marquei três gols. No Brasileiro, perdemos para o Náutico nos pênaltis e batemos na trave do acesso. Na Copa Verde, fomos vice-campeões”.

Em 2020, Hygor retornou à Ferroviária. Cada vez mais motivado. “Voltei firme e forte, sem lesão nenhuma e motivado pelo trabalho que tínhamos feito em 2019”. No primeiro jogo do Paulistão, ele entrou no segundo tempo e foi o autor do gol de empate contra o Mirassol. Na comemoração, se emocionou. “Foi um choro de alívio, por ter voltado a jogar, que sempre foi o meu objetivo. Um choro por poder jogar um Paulistão em alto nível, sem lesão”.

Para superar as lesões que teve em sua carreira, Hygor fala que o apoio da família foi fundamental. “Nesses momentos de lesão a base da família é tudo. Meu pai e minha mãe sempre estiveram comigo, minha esposa também sempre me apoiou. Meu irmão também, que cuida junto da minha carreira. Infelizmente um atleta passa por esses momentos de lesões, de incertezas de jogar ou não, mas tudo isso passa. Temos que ter força. Eu tenho muita força de vontade. Eu jogo futebol por prazer, é algo que eu amo. Não tem palavras para descrever, eu me entrego bastante, nos jogos, no dia a dia. Porque muitos amigos próximos tinham esse sonho de ser jogador, mas ficaram pelo caminho. Por isso quando estou nos treinamentos, nos jogos, eu tento dar o meu máximo para estar sempre na melhor condição com a camisa grená”.

No elenco deste ano, Hygor tem duas referências: o meio-campo Tony e o zagueiro Carlão. “São pessoas que me aconselham, nos momentos bons e ruins. E criamos uma certa intimidade extra campo, de amizade. Me espelho neles não só como jogadores, mas também como pais de família”.

Antes da suspensão das competições por causa da pandemia do novo coronavírus, Hygor era o artilheiro da Ferroviária, ao lado de Felipe Ferreira, com quatro gols. Em tanto tempo de Ferroviária, ele criou um laço especial com a cidade de Araraquara. “Eu tenho um carinho enorme por Araraquara. No shopping, no mercado, você encontra os torcedores, sempre muito carinhosos conosco. Eu costumo dizer que a Ferroviária é um clube que me ajudou a crescer muito, tanto na parte profissional quanto pessoal. E você acredita que, por causa dessa proximidade, pessoal até acha que eu sou de Araraquara mesmo? Mas eu me sinto como se fosse da cidade!”.

 

 

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