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Mariana: A mãe de 106 anos

São Francisco do Sul, Santa Catarina, 1915. Nascia Mariana Sebastiana da Silva.
Aos 15 anos, já era mais mãe do que filha: com a morte de seu pai, ajudou a criar os irmãos. 

Mariana se casou com um homem que trabalhava na Marinha. Com ele, teve três filhos e foi para o Rio de Janeiro. Seu esposo morreu cedo, de problemas cardíacos. A viúva foi trabalhar e colocou os filhos em um internato. 
Numa rebelião, Nilton, um de seus filhos, fugiu. Ela nunca mais teve notícias dele. 

Anos depois, Mariana reencontra um conhecido de Santa Catarina, separado, com duas crianças. Resolveram morar juntos e, dessa união, vieram mais seis filhos. 
O marido era alcoólatra, e apesar de pertencer a uma família abastada, foi praticamente banido por beber e dar escândalos. 

O casal decidiu tentar a vida em São Paulo. Chegando, foram acolhidos por uma irmã até conseguirem uma casa. 
A vida de Mariana era de muito trabalho e privações. Uma patroa recomendava a outra, e assim o tempo passou, com esforço para criar os seis filhos. O esposo não deixou a bebida. 
Aos 70 anos, Mariana ficou viúva. Com todos os filhos criados, enfim ela começou a viver.

Um dos filhos conseguiu, com muita dificuldade por ser negro, um cargo de comissário de bordo da Vasp, onde ficou até se aposentar. Outra filha foi tentar a vida nos Estados Unidos com a família. 

E dona Mariana? Foi viajar.
Conheceu Miami, Nova York, Orlando. Viajou muitas vezes. Esquiou na neve, se perdeu no Central Park, foi para a Disney. 

De volta ao Brasil, a filha comprou uma casa em Araraquara, onde sua mãe passou a morar. Mesmo idosa, ia sozinha para a igreja, visitava a irmã em São Paulo. E todas as vezes que recontava sua história, nunca reclamou ou se revoltou pelo alcoolismo do marido e pelos anos de pobreza. 
Sempre ativa, um dia sofreu uma queda. A filha correu para socorrê-la e rompeu o tendão, o que a impedia de cuidar da mãe.

Mariana foi para uma casa de repouso para idosos, onde canta, lê, conversa com as netas por videochamadas, faz crochê, recebe visitas da filha. Não reclama de nada, sempre agradece a Deus. Com 106 anos, não usa óculos e vive com tranquilidade.

Com muita história para contar, Mariana viveu epidemias, guerras, crises econômicas. Tornou-se exemplo para muitas pessoas. A guerreira venceu. 

De segunda a sexta, uma história por dia na programação da Rádio Cultura durante o mês das mães. Saiba mais sobre a história da Mariana no nosso programete especial: https://bit.ly/3fjH77Q

Adriana

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