InícioNotíciasCoronavírusMédica de Matão contaminada conta a experiência da doença

Médica de Matão contaminada conta a experiência da doença

“O vírus não escolhe, não distingue, então fica em casa”, desabafou a profissional após 8 dias de internação

No dia 17 de março, a médica Aline Volpato, de Matão, atualizou sua foto de perfil no facebook com um pedido: “Não faça o vírus circular. Proteja quem você ama. #fiqueemcasa”.

O que naquele momento ela não sabia é que também seria uma das vítimas do novo coronavírus. Atuando no setor de urgência e emergência, a exposição aumentaria o risco, mas a rapidez do contágio surpreendeu até a médica.

“Não é possível, nem começaram os casos na região e eu já peguei?”, declarou em um texto na rede social que viralizou. Nele, ela conta a experiência de 8 dias internada e 12 dias consecutivos de sintomas da doença.

Além dos procedimentos hospitalares, a necessidade de isolamento também é algo difícil com que um paciente diagnosticado com covid-19 passa a lidar.  “Passava um filme na minha cabeça e meu coração aflito o tempo todo. Visitas? Não pode. Fiquei isolada todos os dias. Meus pais e as pessoas da minha vida sofrendo de longe sem ter o que fazer”, conta Aline.

O texto já havia sido compartilhado mais de 4 mil vezes quando essa matéria foi produzida. Abaixo, o relato da médica na íntegra, com uma foto tirada no leito do Hospital Carlos Fernando Malzoni, em Matão.

 

Quem me conhece sabe que sou médica e atuo nas unidades de urgência e emergência, ou seja, porta de entrada. Tenho 30 anos!!!!!!
Começou com tosse seca, mal estar, dor de cabeça e perda do olfato. É a COVID19. Não é possível, nem começaram os casos na região e eu já peguei? Peguei! Foram 8 dias de internação, 12 dias de febre que a partir do terceiro dia não respondia mais a medicação via oral. A falta de ar piorava a ponto de não poder me mexer no leito, nem se quer virar o pescoço. Usando oxigênio o tempo todo. Banho? No leito. Escovar dentes? No leito. Pentear cabelo, impossível. Passava um filme na minha cabeça e meu coração aflito o tempo todo. Visitas? Não pode. Fiquei isolada todos os dias. Meus pais e as pessoas da minha vida sofrendo de longe sem ter o que fazer. Sendo médica, eu sabia das reais circunstâncias de forma patológica, da gravidade da doença. O meu conforto foi e é DEUS, ele agiu. Os dias foram passando lentamente, bem lentamente e a solidão naquele quarto comigo o tempo todo. Nesses momentos você se interroga por diversas vezes sobre tudo. A melhora iniciou no 5 dia de internação. Desde o início de tudo os anjos já apareceram, meus amigos de profissão ajudando no possível e impossível, médicos da clínica que foram maravilhosos, as técnicas de enfermagem, que sem dúvida foram as que mais dividiram o seu amor, carinho e cuidado comigo, assim como os fisioterapeutas. Não há dinheiro nesse mundo que pague o amor que recebi. As correntes de orações e mensagens de carinho, só me fortaleceram.
Hoje estou recuperada quase 100% e com tranquilidade no coração. Só tenho a agradecer a todos e a Deus. Eu sai mudada dessa.
Resolvi relatar esse episódio para dizer que o VÍRUS não escolhe, não distingue, então FICA EM CASA. Não sabemos se em você terá a forma grave. Eu não tenho nenhuma doença de base e tive a forma grave. Cuide de quem você ama. Obedeça as orientações da OMS e MS, assim como as autoridades e especialistas.

Não foi uma gripezinha!

 

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