A Ferroviária perdeu nesta quarta-feira um dos personagens mais importantes de sua história. Faleceu, aos 105 anos, em São Paulo, Alberto Lemos, que foi um dos sócios-fundadores da equipe araraquarense e o primeiro secretário do clube. Seu corpo chegará em Araraquara por volta das 4 horas da manhã e será velado nesta quinta-feira no Velório Municipal e o sepultamento está marcado para as 15 horas no Cemitério São Bento.
Com uma vida sempre ligada à história de Araraquara e ao futebol da cidade, Alberto Lemos foi convidado pela recém-formada diretoria grená para auxiliar na elaboração do primeiro estatuto do clube, em 1950. Após a aprovação do documento, a primeira diretoria tomou posse no dia 16 de março, ocasião em que Alberto Lemos assumiu a função de secretário geral. Esteve intrinsecamente ligado aos primeiros passos da instituição do clube ferroviário, auxiliando administrativamente e sendo um dos braços direito do presidente Pereira Lima.
Lemos foi o responsável pela Ferroviária não ter encerrado suas atividades profissionais em 1953. Isso porque, naquele ano, a FPF tomou a decisão de fazer cumprir um antiga determinação existente, porém esquecida, de que para poder disputar o Campeonato de Acesso, todo clube deveria ter no mínimo dez anos de filiação. A Ferroviária não poderia cumprir tal requisito, pois fora fundada em 1950. A cidade e o clube ficaram em polvorosa, pois o time poderia encerrar prematuramente suas atividades.
Alberto Lemos tinha amigos e parentes em Américo Brasiliense, que em 53 não era emancipada administrativamente, pertencendo à Araraquara. Ele procurou a diretoria do Americano Futebol Clube, que era filiado à federação desde 1943. A receptividade à proposta de fusão manifestada em plena concordância, veio a revelar o alto espírito de compreensão e esportividade dos dirigentes e associados do clube da cidade vizinha. À época, o Americano não estava disputando o campeonato da Segunda Divisão. Após entendimentos indispensáveis com o senhor Elias Leme da Costa, presidente do Americano, e seus companheiros de diretoria, efetuou-se em 14 de agosto de 1953 a assembleia de fusão dos dois clubes. Em contrapartida, todos os associados do Americano passaram a ser associados da AFE, podendo assistir os jogos e posteriormente usufruir do parque aquático inaugurado em 1954.
Lemos passou as últimas décadas de sua vida morando na capital paulista, e mesmo assim nunca deixou de acompanhar as notícias de Araraquara e da Ferroviária. Foi autor do livro ‘História de Araraquara’ e seus depoimentos foram fundamentais para o médico e historiador Luís Marcelo Inaco Cirino escrever o livro ‘Fonte Luminosa’, de 1994, primeira obra escrita sobre a Ferroviária. (Colaborou: Alessandro Bocchi).

