Na madrugada desta segunda-feira (25), dia em que completava 95 anos, faleceu em Araraquara a ex-diretora do jornal O Imparcial, Cecília Pedro Antônio da Silva. Mulher de forte presença e dedicação incansável à comunicação, ela deixa um legado histórico que se confunde com a própria trajetória da imprensa araraquarense.
Nascida em 25 de agosto de 1930, Cecília era filha de Salvador Pedro Antônio e de Dona Palmira Barone, em meio a uma família numerosa formada também pelos irmãos Orestes, Salvador, Abílio, Antonino, Danúncio, Yolanda, Idalina e Amélia. Em 24 de junho de 1950, casou-se com o jornalista Paulo Arruda Corrêa da Silva, seu grande parceiro de vida e de profissão, com quem construiu uma família com quatro filhos: Tadeu, Paulo Júnior, José e Antonio Neto.
Cecília começou sua história no jornal O Imparcial no início dos anos 1970 como revisora e posteriormente assumiu a função de diretora e chefe de redação ao lado do marido. A vida do casal esteve sempre ligada às páginas do impresso que atravessou gerações em Araraquara. Quando Paulo faleceu, em 20 de janeiro de 1994, Cecília demonstrou sua força ao assumir sozinha a direção, conduzindo a redação com firmeza e sensibilidade.
A história de Cecília se entrelaça à história do próprio jornal. Fundado em 25 de janeiro de 1931 por Antônio Corrêa da Silva, após a destruição do jornal O Popular pelo governo Getúlio Vargas, O Imparcial nasceu como resistência, como desafio aos tempos de censura e autoritarismo. Sob o comando de quatro gerações da família Corrêa da Silva, consolidou-se como símbolo de independência editorial. Cecília deu continuidade a esse espírito, abrindo espaço para vozes plurais e mantendo o compromisso com a informação de qualidade.
Vale acrescentar que, ao longo de sua vida, Cecília enfrentou dores profundas, tendo que lidar com a perda de três de seus quatro filhos: Antônio, Paulo e Tadeu. Mesmo diante dessas tragédias pessoais, manteve sua força e dedicação ao jornalismo, tornando-se um exemplo de resiliência e coragem para todos que a conheciam.
Em 1999, a Câmara Municipal de Araraquara reconheceu sua relevância com o título de Cidadã Benemérita. A partir de 2010, Cecília passou a direção do jornal ao filho José. Mais tarde, o comando chegou às mãos da neta, Daniela Simões Corrêa da Silva, que hoje mantém viva a tradição familiar. Atualmente, O Imparcial circula duas vezes por semana, às quartas-feiras e aos sábados.
Conhecida pelo carisma e pelo espírito democrático, Cecília foi uma líder respeitada e resoluta. Jornalistas que passaram pela redação lembram dela como uma “escola viva”, que formava profissionais não apenas para o ofício, mas também para a vida.
Despedida
O velório acontece nesta terça-feira (26), a partir das 9h, na Casa Funerária Micelli, e o sepultamento será realizado no Cemitério São Bento.
Ao longo desta segunda-feira, foram diversas mensagens de em homenagem a Cecília publicadas nas redes sociais de familiares, amigos, autoridades políticas e profissionais da imprensa. A Prefeitura de Araraquara publicou uma mensagem e uma nota de pesar também foi protocolada na Câmara Municipal.
Araraquara se despede de dona Cecília com gratidão e pesar. Sua história, escrita em letras firmes nas páginas de O Imparcial, permanecerá como um testemunho de coragem, dedicação e amor pela cidade.

Fotos: Arquivo pessoal
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