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Morre o historiador afeano Vicente Baroffaldi

Escritor araraquarense faleceu neste domingo, aos 74 anos de idade

Faleceu na manhã deste domingo (17) o escritor e historiador araraquarense Vicente Henrique Baroffaldi, aos 75 anos de idade. Ele passou por um procedimento cirúrgico no último dia 8, mas a evolução não ocorreu como foi programada e as complicações o levaram a óbito. Seu corpo foi velado e sepultado à tarde, apenas com a presença de familiares. 

Com 14 livros publicados, sendo 10 dedicados à Ferroviária, o escritor se tornou uma verdadeira 'enciclopédia' da história do clube, com materiais acumulados desde 1959. Com a colaboração sempre precisa do amigo Paulo Micali, a qualidade de seu trabalho se explica também pelo amor que sente pelo time grená e pelo futebol de um modo geral.

Vicente Henrique Baroffaldi nasceu em Araraquara no dia 28 de julho de 1947. Cresceu no bairro do Carmo, onde morou até os 46 anos da idade. Seu primeiro contato com o futebol ocorreu aos 10 anos, jogando bola com a turma de garotos da vizinhança. Estudou o ensino primário na Escola Antônio Joaquim de Carvalho, o ginasial na Escola Comercial Senac, o científico no Colégio São Bento e cursou faculdade de administração na Uniara. 

No dia 15 de abril de 1959, Vicente, com 12 anos de idade, foi levado pelos pais até o Estádio da Fonte Luminosa, onde vibrou com cada lance do empate por 3 a 3 entre Ferroviária e Vasco da Gama, em jogo comemorativo que inaugurava os refletores do estádio. Naquele dia, a Fonte se tornou literalmente luminosa e a Ferroviária entrou definitivamente em seu coração. O amor pelo futebol era tanto que Vicente fundou um time de várzea: o XV de Novembro do Carmo, que foi tema de um dos seus livros. 

Dos 16 aos 20 anos, Vicente Baroffaldi trabalhou na Sucursal dos Diários Associados, que ficava na Rua São Bento, onde hoje funciona uma agência do Itaú. Era secretário, selecionava as notícias importantes da cidade e as enviava por malote, via furgão, para o Diário de São Paulo, na capital paulista. De 17 de junho de 1968 a 4 de julho de 2000, ele trabalhou no Serviço Especial de Saúde de Araraquara, o SESA. Atuou 32 anos como servidor da USP, área administrativa, sendo metade desse tempo como auxiliar assistente de administração e metade como chefe da seção de administração geral.

Os trabalhos nunca o impediram de desenvolver atuações paralelas relacionadas ao futebol. Integrou a Associação dos Cronistas Esportivos de Araraquara (ACEA) de 1965 a 1986, foi diretor da Liga Araraquarense de Futebol de 1975 a 1986 e foi diretor de divulgação da CCE/Fundesport. Baroffaldi também colaborou com jornais de Araraquara. Começou no jornal O Diário desde a edição nº 1, em 1965, e posteriormente escreveu para O Imparcial, Folha da Tarde e Jornal da Manhã. 

Vicente sempre foi colecionador das revistas 'A Gazeta Esportiva Ilustrada', 'Revista do Esporte' e 'Placar'. Sua fome de informação também teve início logo cedo. A partir de 1959, passou a preencher as tabelas dos campeonatos paulista e carioca. Aos longos de todo esse tempo, ele juntou um amplo e apurado conteúdo esportivo. O levantamento estatístico voltado para a Ferroviária foi a base de seu primeiro livro, 'Ferroviária em Campo – Seis Décadas de Futebol da Ferroviária de Araraquara', lançado em 2010. Era sua estreia como escritor.

Desde então, seus lançamentos se tornaram frequentes e foram mais 13 livros publicados em um espaço de nove anos: 'XV – O Alviceleste do Carmo' (2011), 'São Paulo Internacional' (2012), 'A Deusa Vida/Solidão Cósmica' (2012), 'O Futebol na Terra do Sol' (2013), 'Ferroviária em Campo: Breviário Grená' (2014), 'Ferroviária em Campo: Tricampeã do Acesso' (2015), 'Ferroviária em Campo Contra os Grandes Clubes Paulistas' (2016), 'Ferroviária em Campo: Feitos e Exaltações' (2017), 'Ferroviária no Paulistão – Campanhas, Formações e Artilheiros' (2018), 'Todos os dias com ela' (2018), 'O Melhor Campeonato Paulista da Ferroviária – O Esquadrão Fantasma' (2019), 'Notas do meu Caderno Grená' (2021) e 'Almanaque do Futebol S/A da Ferroviária' (2022). Em todas as obras, ele faz questão de destacar a participação do amigo Paulo Micali, que sempre o auxiliou na pesquisa e produção dos conteúdos.

Paralelamente, Vicente abastecia seu blog 'Ferroviária em Campo' e também fez muito sucesso entre os torcedores com sua página no Facebook, com conteúdo atualizado o tempo todo. Os posts de Baroffaldi no blog e nas redes sociais encurtaram a distância dos torcedores com a Ferroviária e também os fizeram matar a saudade de nomes que ajudaram a construir o esporte local. Ele apresentou estatísticas do clube, datas e comemorações que ficaram marcadas na história, retrospectos de confrontos, personagens ligados ao time que fazem aniversário, passagens futebolísticas curiosas e um vasto levantamento que auxiliou constantemente o trabalho da imprensa esportiva de Araraquara.

 

 

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