A Ferroviária teve uma importante baixa neste início de 2019. O motorista Roberto Carlos Frederico, mais conhecido como Fredão Alonso, acertou sua saída de forma amigável com a diretoria por conta de uma decisão de se mudar para a Bahia com a esposa Josy Soares dos Santos. "Vamos ficar um tempo na Bahia e depois resolveremos se ficaremos lá ou se voltaremos para Araraquara", diz o motorista, que já seguirá viagem na manhã deste sábado, 9 de fevereiro.
Considerado um dos personagens mais carismáticos do clube, Fredão coleciona histórias para contar. E não é para menos, já que começou a trabalhar no time em 2001, quando assumiu a função de roupeiro da equipe sub-20 em uma fase de muita crise no clube. Ele, que anteriormente morava na Usina Tamoio, já sonhava em dirigir o ônibus da Ferroviária antes mesmo de trabalhar no time. Em uma oportunidade, houve um problema com o motorista e ele teve sua primeira experiência na função. A ocasião se repetiu por algumas vezes, até que a diretoria o oficializou como motorista da equipe em 2004.
Ligação com o veículo
Após essa efetivação, passou a tratar o ônibus como um filho, sempre mantendo o veículo com uma manutenção e um visual impecável. Com o tempo veio outro ônibus e ficou um para os treinos e o outro para as viagens, mas ambos sempre cuidados com muito carinho.
E foi esse carinho que o fez ser admirado pelos torcedores. Jogadores e técnicos entravam e saíam, mas Fredão sempre estava lá, conduzindo a Locomotiva em jogos que marcaram a história do time desde a quarta divisão até a elite estadual. “É um trabalho que sempre fiz com muita responsabilidade, muito amor, e por isso saio com orgulho, pois sei que sempre fiz o meu melhor. Fico triste por encerrar essa etapa da minha vida, mas levarei para sempre no meu coração o time, os ônibus e cada um dos amigos que fiz aqui”, explica Fredão.
O apelido de Alonso
Fredão sempre teve uma relação de amizade com os atletas. Em uma ocasião em que a delegação estava hospedada em um hotel antes de um jogo, ele e alguns jogadores acompanhavam pela televisão uma reportagem sobre o piloto espanhol Fernando Alonso, que na época se destacava rumo ao título da Fórmula 1.
Foi aí que o ex-jogador Guilherme Peixoto Alves propôs o apelido de Alonso, já que Fred, por ser o motorista, estava sempre à frente de todos. O apelido 'pegou' entre os jogadores e o motorista acabou gostando. Gostou tanto que mandou plotar o apelido no para-brisa do ônibus. "Hoje o apelido é conhecido no Brasil inteiro", brinca ele.
Despedida dos amigos
Nesta quinta-feira (7), Fredão postou um texto em sua página no Facebook, onde agradece a todos pela oportunidade e diz encerrar um ciclo de sua carreira. Rapidamente ele recebeu inúmeras manifestações de carinho de amigos e torcedores. Ele se diz triste por deixar tantos amigos na cidade e mais triste ainda por se distanciar das filhas Larissa Roberta (19 anos) e Ana Júlia (14), frutos do casamento com sua ex-esposa.
Entretanto, ele acredita que a internet o ajudará a ficar sempre 'por perto' de todos. "Só tenho a agradecer a todas essas pessoas e pedir que continuem com esse amor pela Ferroviária. Sinto muito orgulho por cada mensagem, cada elogio e cada palavra que me dá muita força neste momento. A minha ligação com o time e com essas pessoas será pra sempre, pois sempre vou acompanhar o time pelos meios de comunicação”, finalizou o motorista.
O motorista brinca com a repercussão de sua saída. "Vou seguir a linha do Pelé e do Garricha, que saíram no auge. Se eu ficasse aqui até ficar velhinho e aposentar, ninguém se lembraria de mim lá na frente", conclui com gargalhadas o sempre simpático Fredão.