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Pacientes têm corpos fotografados em Pronto Socorro

Funcionário compartilhou imagens sem autorização em grupo de Whatsapp

Uma grave denúncia foi feita por um grupo de servidoras da Saúde de Américo Brasiliense no último dia 13 de novembro. Segundo apurado pela reportagem, um documento denuncia o comportamento inadequado de um funcionário que atua no pronto socorro do Hospital Municipal José Nigro Neto.

Responsável pelo Controle de acesso na unidade, o funcionário teria fotografado mulheres, preferencialmente as de roupas curtas e justas aos corpos, e compartilhado essas imagens por meio do aplicativo WhatsApp. As fotos foram anexadas à denúncia.

No texto, as funcionárias da saúde afirmam ter o “objetivo de garantir os princípios e valores humanísticos em favor das mulheres, inconformado, a fim de auxílio para lidar com a conduta desrespeitosa do controlador de acesso ******, que tem feito do aparelho celular um veículo para fotografar, durante atividade laboral, enviando  em rede social para disseminar fotos, compartilhando, imagens de mulheres que são pacientes desta unidade, em específico do corpo, no momento do atendimento”.

A prática de compartilhar fotos sem autorização pode configurar assédio moral, além de ferir o Artigo 5º da Constituição Federal, que considera “invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Em uma das fotos, uma silhueta feminino é compartilhada acompanhada pela frase “Segura aí o tamanho da …”. Em pelo menos outras duas imagens, é possível observar ao fundo a recepção do Pronto Socorro, o que eliminaria dúvidas sobre o local em que elas foram feitas. 

 “A Prefeitura de Américo Brasiliense tem condições de inibir situações iguais a essas que denigram e desrespeitam as mulheres de Américo Brasiliense, nós profissionais ficamos chocados com ousadia dessas fotos, se não bastasse disponibilizou o acesso das imagens em rede social, inclusive nossa equipe é composta de 90% de mulheres que pedem respeito, pois, indiscutivelmente, estas guerreiras são fundamentais na vida e merecem uma sociedade igualitária pela sua competência e não pelas curvas do corpo feminino (SIC)”, cobra o documento.

 

Funcionário fala em retaliação e “infelicidade”

A reportagem do Portal Morada conseguiu contato com o acusado. Ele contou que desde que assumiu a função na portaria da unidade tem procurado defender a população. “Há funcionários no hospital achando que eu interfiro no trabalho deles. Acusam-me de passar tudo o que acontece no Pronto Socorro para o prefeito, o que não é verdade”, disse.

Questionado sobre as fotos, o funcionário reconheceu que esse material era compartilhado em um grupo de WhatsApp. “Eu estava num grupo e a gente compartilhava fotos. Uma foto fui eu que tirei. Foi uma falha, uma infelicidade minha. Isso já me prejudicou no meu trabalho e no meu casamento”, desabafa.

Procurado pela reportagem, o diretor técnico do Pronto Socorro disse que apenas a assessoria de imprensa da Prefeitura estaria autorizada a falar sobre o caso.

O departamento de Comunicação da Prefeitura de Américo Brasiliense, por meio de nota, afirma que “a Diretoria de Saúde assim que recebeu a reclamação, imediatamente tomou as providências entrando em contato com o responsável pela empresa terceirizada”. Ainda segundo a nota, o funcionário foi transferido.

A reportagem, no entanto, apurou que a Unidade Básica de Saúde (UBS) para a qual o acusado foi transferido fica no mesmo imóvel do hospital, o que, na prática, ainda o coloca em contato com servidoras, servidores e pacientes da unidade.

 

 

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