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Pintado se diz favorável à paralisação do futebol

Técnico da Ferroviária cobra mais responsabilidade das autoridades em relação à vacina para a população

A temporada 2021 do futebol brasileiro começou há alguns dias e uma grande polêmica já envolve a modalidade: seguir ou não com a agenda de jogos durante este que é o pior momento da pandemia da Covid-19 no Brasil? Em entrevista coletiva virtual concedida na tarde desta sexta-feira (5), o técnico Pintado, da Ferroviária, não fugiu do tema e afirmou ser contra a continuidade das partidas neste período.

O treinador salientou o fato de que existe uma falsa percepção de que todos os profissionais que trabalham no futebol possuem salários altos, porém destacou que a preocupação com a questão financeira deve vir depois da saúde. "Eu sou contra a continuidade dos campeonatos. Nós passamos hoje pelo pior momento da pandemia e nós perdemos amigos, parentes, pessoas comuns, pessoas famosas no futebol. Eu tenho certeza de que essas pessoas que se foram, se pudessem escolher entre paralisar um campeonato por 15 ou 20 dias até conseguir administrar melhor esse nível de contágio, ou partir e não ter mais escolha, elas escolheriam parar e ter condições de lutar pelo sustento da família, para pagar as contas e buscar uma recuperação financeira", salientou Pintado. 

O treinador de 55 anos revelou que apesar de todos cuidados tomados pelo meio futebolístico, os profissionais envolvidos na modalidade estão sujeitos à contaminação. "Esse é um momento importante para cuidarmos de nossas vidas, cuidarmos de nossas famílias. E não é verdade que nós do futebol estamos seguros, pelo contrário, estamos muito expostos, temos contato direto e indireto com mais de 100 pessoas por dia e não é porque a gente quer, mas sim porque o futebol é um esporte de contato. Isso é algo muito perigoso que a gente vive", acrescentou.

Pintado também aproveitou o tema para cobrar mais atitude das autoridades em relação à vacina para a população. "Deveríamos ter a vacina o quanto antes possível, não só para o futebol, mas para todas as pessoas que precisam. As nossas autoridades deveriam ser mais responsáveis para nos oferecer isso, já que pagamos tanto imposto e já que lutamos tanto para ajudar nosso país. Se tivéssemos a segurança da vacina, não só para os profissionais do futebol, mas para todos, poderíamos continuar nossas atividades. Nesse momento eu sou contra a continuidade dos campeonatos", concluiu. 

Pintado prepara a Ferroviária para enfrentar o Botafogo de Ribeirão Preto, em jogo marcado para a próxima segunda-feira (8), às 20 horas, na Fonte Luminosa, pela terceira rodada do Paulistão 2021.

 

Divergências pelo Brasil

A preocupação com a pandemia e as mutações do vírus é unânime no Brasil, porém não há consenso sobre uma nova paralisação do futebol, como ocorreu no ano passado, no início do surto. Na última quarta-feira (3), uma declaração do técnico Lisca, do América-MG, ganhou destaque. “Nosso país parou, gente. Não tem lugar nos hospitais, eu estou perdendo amigos, amigos treinadores. É hora de segurar a vida. Aqui no Mineiro tudo bem, é mais perto, mas como vão levar uma delegação do Norte para o Sul?”, disse ele, se referindo à tabela da Copa do Brasil anunciada pela CBF.

Os técnicos Abel Ferreira (Palmeiras) e Vagner Mancini (Corinthians) engrossaram o coro de Lisca e se mostraram favoráveis à paralisação, porém Renato Gaúcho (Grêmio) se disse preocupado, mas é contrário à uma nova interrupção do calendário. “Estamos fazendo um favor para o povo, porque quando jogamos, é um motivo para o torcedor ficar em casa. Mas não pode parar tudo no Brasil. Daqui a pouco a pessoa não sai de casa, mas está morrendo de fome”, disse ele, que também mencionou que o futebol conta com uma segurança especial por causa da rotina de testes.

Na última quarta-feira (3), o governo de São Paulo anunciou a decisão de manter a realização de partidas mesmo com o Estado na fase vermelha. “Até o momento, vai seguir o mesmo modelo que tem sido seguido na Europa, onde vários países fizeram lockdown e mantiveram as atividades esportivas. Até o momento, a decisão é manter as atividades da mesma forma, como vem sendo seguido em Portugal, Inglaterra e outros países, por exemplo”, explicou José Medina, membro do Centro Contingência do Coronavírus em São Paulo.

 

 

 

 

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