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Qual o legado de Edinho Silva?

"[...] da sua geração, se consagra como o principal líder político de Araraquara, deixando seus corriqueiros adversários, Marcelo Barbieri (MDB) e Roberto Massafera (PSDB), sem muito o que fazer"

Com a reeleição para seu quarto mandato como Prefeito de Araraquara, Edinho Silva já crava seu nome na História política local se tornando a pessoa que mais vezes administrou a cidade. Politicamente, um feito e tanto. A última vitória de Edinho foi conquistada com esforços das direções estadual e nacional do seu partido, o PT e também pessoal, no que se refere ao financiamento da sua campanha, principalmente para bancar seus quase 140 candidatos à vereança – tudo dentro do jogo. Na sua quarta vitória a aliança partidária foi a mais extensa que já teve e, em seguida após sua vitória, tem conseguido aglutinar os grandes partidos de Araraquara que, em outros tempos, se posicionaram como oposição (PSDB e MDB, por exemplo).

Ao mesmo tempo, conseguiu fazer com que o PT mantivesse o número de vereadores eleitos – enfrentando as mudanças nas regras eleitorais -, conquistasse a principal votação proporcional e a maior bancada do Legislativo Municipal, com 04 nomes. Não bastando, controlou, sem qualquer perigo, a eleição da Mesa Diretora que terá a responsabilidade de pautar grandes assuntos de interesse do Poder Executivo local, como a mudança do regime dos servidores públicos de Araraquara. Com isso, sua base de vereadores já ultrapassa aqueles que foram eleitos sob seu guarda-chuva eleitoral.

Dessa forma, da sua geração, se consagra como o principal líder político de Araraquara, deixando seus corriqueiros adversários, Marcelo Barbieri (MDB) e Roberto Massafera (PSDB), sem muito o que fazer. No entanto, o mundo político sabe que, invariavelmente, desde 02 de janeiro de 2021, Edinho Silva já é ex-prefeito, ou seja, não pode se recandidatar e a possibilidade de uma quinta vitória só viria com uma janela de quatro anos, tempo de sobra para a conjuntura política municipal mudar. Fato que coloca todos os partidos de olho no seu espólio ou herança política. Tratando-se de um fim, inevitável, onde a possibilidade é de não mais ocupar esse cargo, gozando de um prestígio político de 48 mil votos e com a força política descrita anteriormente, fica a pergunta: Qual será o legado de Edinho Silva?

Não vou me ocupar da atual polêmica dos acordos políticos/eleitorais que o Prefeito Edinho Silva tem cumprido para seus comandados quando na indicação de nomes para ocupar cargos no primeiro e segundo escalão. Apesar de alguns nomes assustarem, no sentido de apresentarem qualidade técnica ou expertise para os cargos que foram nomeados e outros por já terem passado pelos governos petistas e até de adversários não apresentando nada de relevante. Essa é uma realidade que deveria ser enfrentada também pelo eleitor, identificando quem participa da política para contribuir e quem participa para sobreviver. Mas quero afirmar sobre a possibilidade de o Prefeito Edinho Silva montar uma equipe que não tenha, exclusivamente – do contrário seria ingenuidade minha -, o objetivo de aglutinar forças para o próximo pleito eleitoral e sim de construir uma base de governança que perdure durante o tempo.

Quando se olha para o primeiro escalão identificamos que este ambiente de confluência só será possível se o chefe do Executivo se empenhar pessoalmente, do contrário irão prevalecer a disputa pelo espólio político do governo que está “acabando” e a inércia. As diferenças de interesses, contribuições, formações e objetivos são gritantes e o paradoxo eleger/governar – união de muita força para vencer eleição que depois atrapalha para governar – podem findar, antecipadamente, o governo, que depende, inclusive dos resultados eleitorais de 2022. Não conseguindo fazer na estrutura rígida, poderia pensar em algo extraordinário para tal tarefa com a distância necessária das disputas políticas e a aloprada agenda diária de tarefas de uma Prefeitura.

É a primeira vez que essas forças políticas, que disputaram todas as eleições nas últimas décadas, estão sob o mesmo governo (PT, PP, PSDB e MDB, principalmente), então porque não construir uma plataforma que oriente as diversas áreas da Administração Pública Municipal no sentido de buscar a excelência? Plataforma de governança que se mantenha não aquém dos próximos eleitos, mas com participação deles. Um instrumento objetivo que sirva para cobrar e mensurar este e os próximos governos, com integral acesso e consciência dos próprios cidadãos.

Não consigo enxergar outro caminho plausível para a união de forças tão contraditórias e partidos políticos que historicamente tão diferentes. Estamos diante de uma baita janela de oportunidade, caberá aos políticos eleitos aproveitarem. Parafraseando o samba do poeta Jorge Aragão “ainda resta um pouco de esperança, apesar das desavenças”. Aguardemos.

Matheus Santos

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