A estreia da seleção feminina de basquete do Brasil nos Jogos Olímpicos não era fácil. Do outro lado da quadra na Arena da Juventude, em Deodoro, estava a Austrália, segunda colocada no ranking mundial da modalidade e uma das favoritas a chegar ao pódio no Rio 2016. No fim, a superioridade das australianas fez a diferença para a vitória por 84 a 66, mas as brasileiras saíram de quadra com um sentimento de que o resultado poderia ter sido diferente.
Os primeiros 10 minutos de jogo foram praticamente perfeitos para o time da casa, que contou com o apoio da torcida no ginásio. Comandadas pela armadora Adrianinha, que joga sua quinta Olimpíada, e pela ala Iziane, as brasileiras terminaram o primeiro quarto vencendo por 24 x 14.
A Austrália apostava na imponente presença da pivô Cambage para levar vantagem. A gigante de 2,03m e 98kg incomodou bastante as brasileiras ao longo do jogo e abriu espaços para os chutes de longa distância, especialmente no último período. No primeiro tempo, no entanto, o Brasil conseguiu controlar o dano causado por Cambage e foi para o vestiário vencendo por 39 x 35.
A superioridade da Austrália começou a pesar mesmo depois do intervalo. Além da melhora ofensiva nos chutes de média e longa distância, a equipe da Oceania contou com diversos erros da seleção brasileira para empatar e virar o confronto. Atrás no placar, o Brasil teve ainda mais dificuldades para se manter no jogo e viu as adversárias abrirem larga vantagem. No último quarto, as australianas aproveitaram o desespero do Brasil para trabalhar bem a bola e criar diversos chutes de três, quase todos convertidos.
No fim, vitória por 84 x 66 da Austrália. Na tabela, pontos somados para elas, mas para a sequência do campeonato, confiança para as brasileiras, que conseguiram jogar de igual para igual com as favoritas por boa parte do jogo.
Emoção
Para as brasileiras, o duelo contra a Austrália marcou também a primeira partida na edição nacional dos Jogos Olímpicos. O fato de jogar em casa, com o apoio da torcida, visivelmente deixou as atletas emocionadas. A pivô Érika foi uma delas, com direito a lágrimas na execução do Hino Nacional.
“É minha terceira Olimpíada, com certeza a última, já que na próxima vou estar bem velhinha”, brincou a jogadora. “Sou carioca, minha família estava toda aqui, meus amigos. A emoção é em dobro”, afirmou.
Outra veterana da equipe que falou sobre a emoção de jogar em casa foi Adrianinha. No Rio 2016, a armadora da seleção está disputando sua quinta edição dos Jogos. “A torcida ajudou a nos empurrar quando precisamos. Emocionalmente fomos muito bem. Quem não se emociona ouvindo o hino e jogando uma Olimpíada em casa? Todas nós passamos por essa sensação”, disse.
Saldo positivo
Mesmo com a derrota, jogadoras e o técnico do Brasil, Antonio Carlos Barbosa, deixaram a quadra com a certeza de que fizeram um bom trabalho diante da Austrália. Além de levar para os próximos jogos a produtividade do primeiro tempo, a equipe demonstrou consciência também em relação aos erros que não podem se repetir no restante da competição.
“Saio satisfeito porque vi uma equipe jogando bem. Perdeu um pouco nos seus erros, mas muito mais na virtude do adversário”, avaliou Barbosa. “Se você não mantém um padrão de equilíbrio, é fatal. Nossa dificuldade foi manter a regularidade”, comentou o treinador, citando que a derrota era esperada.
Cestinha do Brasil na partida com 25 pontos, Iziane ressaltou a importância de saber administrar os momentos desfavoráveis. Segundo ela, é algo normal no basquete e que elas certamente terão que lidar nas próximas partidas.
“A gente não consegue jogar 100% os 40 minutos. Sempre vai ter um momento ruim. Nesse momento temos que controlar os erros. Foram muitas oportunidades que demos para elas. Precisamos ter uma consciência maior”, destacou a ala.
Outra dificuldade apontada pelas brasileiras foi segurar a gigante Cambage no garrafão. A pivô de 2,03m causou estragos nos dois lados da quadra. Agora, no entanto, o Brasil sabe que não enfrentará outra jogadora tão dominante na posição.
“Ela é muito difícil, é a mesma coisa de estar segurando o Nenê”, comparou Érika, citando o pivô da seleção brasileira masculina. “Tentamos, mas elas souberam aproveitar essa dificuldade nossa”, reconheceu.
Próximo jogo
Passada a derrota na estreia, todas as jogadoras adotaram o mesmo discurso: não há tempo para se lamentar, só para pensar no confronto contra o Japão, na segunda-feira (08.08), às 17h30, novamente na Arena da Juventude.
“Agora é voltar para casa, ver o que errou e corrigir. Desse jogo é só tirar as coisas boas”, disse a ala-pivô Damiris. “Tivemos alguns erros táticos que podemos consertar. Nenhum problema grande. A competição apenas começou. Temos que ir de cabeça erguida, forte e aproveitar a torcida”, acrescentou Clarissa.
O Brasil está no Grupo A dos Jogos Olímpicos. Além de Austrália e Japão, as brasileiras ainda enfrentam França, Turquia e Belarus na primeira fase. As quatro primeiras equipes avançam para os playoffs.

