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Sobre o maior desafio de nossa era

"Nossa única e verdadeira companhia são os objetos que nos levam à comunicação"

Nessa era pós-moderna, onde conquistamos o sonho da comunicação, nunca estivemos tão calados. Observando a rede social, podemos considerar o quanto todos falam, porém de modo quantitativo, desconsiderando a qualidade e até mesmo a veracidade de nossas palavras.

É fácil falar quando o outro está presente e ausente ao mesmo tempo. É fácil debater quando não encontramos a postura do outro tão próxima de nosso corpo, é fácil deletar um relacionamento quando os olhos marejados daquele que ama não está diante de nós.

Se paro para pensar, chego à conclusão de que nossa única e verdadeira companhia são os objetos que nos levam à comunicação. Existe um abismo entre estar ao lado de alguém e estar dentro de alguém. E precisamos estar dentro.

Precisamos abraçar o diálogo com o amigo, avançar nos olhos do ser amado, dar as mãos ao pai que nos acompanha… Precisamos estar dentro do que consiste nossa vida, do que nos dá forma, do que nos faz autênticos e nos permite a sensação de sermos quem somos.

Quando não nos aprofundamos nas relações, quando não encaramos a vida arregaçando as mangas, acabamos por ter a sensação de que existe um vazio dentro de nós e assim, acabamos por aumentar nossas neuroses, nossa sensação de solidão.Tornamo-nos flutuantes, estamos pensos de realidade, pensos de verdades, pensos de sentimentos, estamos pensos de sentir.

É assim que observo nossa forma pós-moderna de nos comunicarmos, existe um paradoxo abismal entre estarmos verdadeiramente juntos. Quantas vezes nos deparamos com um casal numa linda praça florida e refrescante, atento a seus celulares? Quantas vezes tirar a foto do passeio com os amigos parece mais importante que o próprio passeio em si?

Devemos estar atentos a essa forma de comunicação que faz exatamente o contrário se não  refletida. O mais e não menos importante: Nossa forma de comunicação hoje nos aproxima ou nos distância  de nos mesmos? Nossa comunicação permite que estejamos acompanhados por nosso eu verdadeiro? Conseguimos e estamos dispostos ao cuidado do eu? Reafirmo que, o cuidado consigo é uma importante via para o cuidado com o outro.

Estaremos nos comunicando ou apenas jogando nossas palavras, gestos e atitudes e os deixando flutuar?

Olhe alguém nos olhos hoje, pegue sua mão, toque uma árvore, deslize suas mãos sobre o seu animal de estimação. Tenha um momento reflexivo de comunicação autêntica. Tenho certeza de que esse momento será um presente: o encontro consigo quando nos comunicamos verdadeiramente com o mundo.

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