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Spotlight e o jornalismo relevante

Filme aposta em fórmula clássica para exacerbar importância de uma história - e do jornalismo corajoso em tempos de crise das mídias

Se enquanto obra cinematográfica Spotlight – Segredos
Revelados, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2016, pouco inova,
enquanto história exala um senso de urgência que contagia público,
especialmente se na platéia estiver um jornalista.

O filme começa
no início da crise da mídia impressa, no nascer do século XXI, e que só
viria a se agravar dali em diante. O jornal The Boston Globe, ao registrar perda de leitores, troca o editor e tenta reencontrar sua relevância.

Sem
revelar detalhes da história, o que se pode dizer é que o jornal
consegue  cumprir a proposta e alcança a almejada importância justamente
fazendo aquilo que para o jornalismo é essencial: contar história.

É
óbvio que, antes da história, vem um minucioso trabalho de apuração,
que requer empenho e coragem, muita coragem. A igreja de Boston
representa o que a política ou o poder econômico alcança em outros
lugares. Quem conhece minimamente uma redação de jornal sabe o quanto é
penoso mexer com interesses por meio das palavras. Ou o jornalismo
assume essa máxima ou, de fato, falará para um público  cada vez menor e
alcançará, consequentemente, cada vez menor importância. Nenhuma
sociedade que almeja forte pode desejar uma imprensa enfraquecida.
Spotlight, o filme, confirma isso.

Como nem tudo são
flores, observado sob aspectos cinematográficos, o vencedor do Oscar
terá dificuldade em sustentar sua estatueta com o passar dos anos. É
clássico em sua concepção, baseando sua estrutura apenas na força do
roteiro. Nenhuma virada na trama, nenhum aparato técnico consistente e
interpretações razoáveis apenas. Tanto que ao final da sessão serão
poucas – pra não dizer nenhuma – as cenas com poder de permanecer na
cabeça do espectador.

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