Quase três décadas depois, Célia Aparecida Mancini Morais, moradora de Araraquara, reencontrou a filha na manhã dessa sexta-feira, dia 1. A separação entre mãe e filha aconteceu no longínquo ano de 1989 e envolveu um processo de adoção ilegal na maternidade Gota de Leite.
Na época, Célia Morais tinha 29 anos, era viúva e tinha uma filha de 6 anos. Ela, que morava em uma casa humilde, sem muros, onde gotejava quando chovia, fazia faxina e outros bicos para sobreviver. Segundo ela, não eram raros os dias em que faltava até o pão para o café.
Foi quando um conhecido da família se aproximou dela e ofereceu ajuda. O contato entre os dois levou a um relacionamento e a consequente gravidez. Ao tomar conhecimento da gestação, ela foi abandonada pelo pai da criança.
Em 21 de outubro de 1989, ela deu à luz a uma menina, na maternidade Gota de Leite. A bebê, no entanto, foi encaminhada para adoção, mesmo após o registro num cartório do município. O processo ilegal foi intermediado por uma parteira, segundo a mãe, e a nova família se mudou para Minas Gerais.
Nova vida
A criança cresceu e ingressou na Polícia Militar de Minas Gerais. Foi em um processo interno de promoção da PM que Priscila Mansini acabou descobrindo contradições no registro de nascimento que a levaram a descobrir sua verdadeira origem. Levada pela emoção, ela chegou a dar voz de prisão à mãe adotiva por rapto de criança.
A partir daí, a policial militar iniciou o difícil processo de busca pela mãe biológica. Em Araraquara, dona Célia morava em um conjunto habitacional sem fazer ideia de que a família, da qual guardava apenas a lembrança do rosto recém-nascido na memória, não fazia ideia de que a filha estava à sua procura.
Com poucas informações em mãos, Priscila recorreu ao jornalismo da Rádio Morada e do Portal Morada para obter informações sobre a mãe sem saber se ela ainda estava viva. A história foi abraçada pelo jornalista Marcelo Bonholi, que localizou a outra parte e promoveu o primeiro contato entre elas – vinte nove anos de distância da mãe e desconhecimento da filha sobre o paradeiro da genitora foram encerrados num emocionante contato telefônico.
O reencontro
Determinada a conhecer a mãe biológica, Priscila Mansini embarcou da Rodoviária de Formiga (MG) com passagem marcada para Araraquara. Na manhã desta sexta-feira (1), nos estúdios da Rádio Morada, mãe e filha selaram com um abraço o reencontro e, segundo ambas, o início de uma nova vida.