As atividades trarão como recorte principal debates sobre a violência contra mulheres, oficinas de formação antirracista, exibição de documentários, homenagens, abordagens sobre a representação política e uma abertura muito especial com as escritoras negras para inspirarem outras a ocuparem o lugar da escrita e do protagonismo na literatura.
Alessandra de Cássia Laurindo, coordenadora de Políticas Étnico-Raciais, lembra que o "Julho das Pretas" é uma ação de incidência política, além de ser uma agenda conjunta e propositiva com organizações e movimentos de mulheres negras do Brasil. "O Julho das Pretas é voltado para o fortalecimento da ação coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade. Este mês também celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e do Dia da Mulher Negra Latino-Americana, Caribenha e da Diáspora. A data marca a importância de vislumbrarmos uma sociedade mais justa e igualitária, comprometida com o enfrentamento das desigualdades, especialmente de gênero e raça", salienta.
A coordenadora de Políticas para Mulheres, Grasiela Lima, também destaca o conceito que envolve a programação. "O Julho das Pretas tem uma importância muito grande enquanto mobilização política em torno das pautas das mulheres pretas. Acontece no mês de julho e existe uma simbologia importante em relação a isso, pois tem o sentido de dar maior visibilidade às demandas que buscam superar as desigualdades de gênero e raça no nosso país e, a partir daí, apresentarmos uma agenda propositiva com diálogos, debates e ações que programadas em diferentes espaços e territórios do nosso município. Entendo que nesse presente cenário de agravamento das violências, das práticas de ódio, intolerância, preconceito e discriminação racial, de uma conjuntura política nacional pautada por retrocessos e ameaças à democracia, as incidências das violações de direitos humanos em relação às mulheres pretas é significativamente maior, o que faz com que o Julho da Pretas simbolize a resistência e a luta por uma sociedade livre de racismo, machismo, portanto uma sociedade efetivamente democrática. Esse é o principal sentido do evento que estamos realizando em Araraquara", explica.
A programação
A abertura oficial acontece nesta quarta (13), às 19h, na Câmara Municipal, que receberá o encontro "A Escrevivência das Mulheres Negras". As convidadas são Rosa Oyassy (sacerdotisa e matriarca da comunidade de terreiro Ilê Axé de Yansã de Araras, autora do livro "Profunda colheita"), Naiara Medeiros (graduanda em Letras/Francês na UNESP Araraquara, redatora, produtora cultural e idealizadora do Projeto Arte & Afro, autora do livro "Onde as velas incendeiam") e Cintia Almeida da Silva Santos (pós-doutora pela Universidade de São Paulo, mestre e doutora em ciência, tecnologia e sociedade pela UFSCar, autora do livro "Minha mãe usa touca de cetim").
No dia 19, próxima terça-feira, será realizado o "Café Preto com Debate" no Centro de Referência da Mulher "Heleieth Saffioti". O tema do encontro será "A face negra da violência contra as mulheres: é preciso enegrecer as ações de enfrentamento" e as convidadas serão Claudete de Sousa Nogueira, Rita de Cássia Ferreira, Enedina Andrade e Ariane Sushaunna, com a mediação de Grasiela Lima.
No dia 21, uma quinta, às 19h, o Centro de Referência Afro "Mestre Jorge" receberá o encontro "Formação antirracista: aliança negra pelo fim da violência, com a entidade parceira "Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência", com Silvana Veríssimo e Tida Campos
No dia seguinte (22), às 14h, o Quilombo Rosa sediará o evento "Aquilombar é preciso!", um cine afro com pipoca e debate. Na ocasião, será exibido o documentário "Filhas de Lavadeira", de Edileuza Penha de Souza, com mediação de Silvana Veríssimo e Tida Campos. Em seguida, haverá uma oficina de turbantes com Erika Matheus.
No dia 25, uma segunda-feira, às 18h30, a programação apresenta o painel "Mulheres negras que fazem a história", com a inauguração do Painel grafitado com três mulheres de destaque na luta antirracista no muro da Biblioteca Municipal Mário de Andrade. No mesmo dia, às 19h, será realizada a solenidade de entrega do Prêmio Drª Rita de Cássia, homenageando 10 mulheres negras indicadas pela sociedade em geral, também na Biblioteca Municipal.
No dia 27, uma quarta, no Centro de Referência Afro, será realizada mais uma edição do "Café Preto com Debate" e dessa vez o tema será "Por mais mulheres pretas na política: porque representatividade importa", com as convidadas Thainara Faria (vereadora de Araraquara), Cris Vicente (vereadora de Tupã), Adria Ferreira (vereadora de Ribeirão Preto) e a gestora Erika Matheus, com a mediação de Alessandra de Cássia Laurindo.
A programação conta ainda com o apoio da Coordenadoria Executiva de Acervos e Patrimônio, Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo e Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres.
SERVIÇO
PROGRAMAÇÃO JULHO DAS PRETAS 2022
13 de julho – 19h
Abertura Oficial com Escritoras Negras Câmara Municipal
19 de julho – 19h
Café Preto com Debate – "A face negra da violência contra as mulheres: é preciso enegrecer as ações de enfrentamento"
Centro de Referência da Mulher
21 de julho – 19h
Formação Antirracista, Aliança Negra pelo Fim da Violência.
Entidade parceira: Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência
Centro de Referência Afro "Mestre Jorge"
22 de julho – 14h
Aquilombar é preciso! – Cine Afro com Pipoca e debate/ Oficina de Turbantes,
Confecção de Bonecas Abayomi
Quilombo Rosa
25 de julho – 18h30
Inauguração do Painel "Mulheres Negras que fazem a história"
Muro da Biblioteca Municipal
25 de julho – 19h
Prêmio Drª Rita de Cássia
Biblioteca Municipal
27 de julho – 19h
Café Preto com Debate – "Por mais mulheres pretas na política: porque representatividade importa"
Centro de Referência Afro "Mestre Jorge"