InícioDestaque PrincipalDelgatti: Bolsonaro prometeu indulto em caso de grampo contra Moraes 

Delgatti: Bolsonaro prometeu indulto em caso de grampo contra Moraes 

Hacker falou à CPMI do Congresso que apura atos golpistas

Com promessa de indulto, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria pedido ao hacker Walter Delgatti Netto para assumir um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo Delgatti, o pedido foi feito durante uma conversa por telefone com Bolsonaro, que o teria informado que agentes “de outro país” teriam conseguido grampear o ministro e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

A informação foi divulgada pelo hacker nesta quinta-feira (17) em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. O indulto significa o perdão da pena, efetivado mediante decreto presidencial.   

Delgatti afirmou que não teve acesso ao grampo, mas que aceitou o pedido de Bolsonaro de assumir a responsabilidade pelo suposto equipamento usado para monitorar Moraes. “Ele disse que, em troca, eu teria o prometido indulto e ainda disse assim: caso alguém me prenda, eu [Bolsonaro] mando prender o juiz e deu risada”, revelou o hacker preso por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de outros tribunais. 

O objetivo do ato, segundo Delgatti, era provocar alguma ação contra o ministro Alexandre de Moraes e forçar a realização de nova eleição com o chamado voto impresso, modalidade que foi negada pelo Congresso Nacional em 2021. 

hacker disse que foi procurado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) com a promessa de um emprego. A parlamentar nega as acusações de ilegalidades, mas afirma que aguarda acesso aos autos para se manifestar sobre todas as informações divulgadas. 

Em nota divulgada na tarde de hoje, o advogado Daniel Bialski, que defende Zambelli, “refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar, inclusive, negando as aleivosias e teratologias mencionadas pelo senhor Walter Delgatti”.

Pela rede social X (antigo Twitter), Fábio Wajngarten, que foi chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, afirma que “nunca houve grampo, nem qualquer atividade ilegal ou não republicana contra qualquer ente político do Brasil por parte do entorno primário do presidente”. 

Brasília (DF) 17/08/2023 – O hacker de Araraquara, Walter Delgatti durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro de 2023. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Hacker diz que orientou Ministério da Defesa em relatório sobre urnas

O hacker Walter Delgatti Netto afirmou que orientou os militares responsáveis por produzir o relatório das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas entregue no dia 9 de novembro de 2022. O hacker preso pela Polícia Federal (PF) depõe nesta quinta-feira (17) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. 

“Eu apenas não digitei, mas fui eu quem fez ele, porque tudo que consta nele foi orientado por mim”, sustentou Delgatti. Segundo ele, o trabalho junto aos militares foi uma ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro após uma reunião no Palácio da Alvorada no dia 10 de agosto de 2022. Segundo o hacker, a reunião teria durado cerca de 1h30.

O pedido de Bolsonaro teria sido questionado pelo coronel Marcelo Câmara, que acompanhava a reunião, ainda segundo o depoente. “Ele contrariou. Ele disse: ‘Não, mas lá (no Ministério) é complicado’. E o Bolsonaro disse: ‘Não, isso é uma ordem minha. Cumpra’”, descreveu Delgatti, acrescentando que o ex-presidente teria oferecido o indulto a ele em troca do serviço. O hacker estava com medidas cautelares devido à Operação Spoofing, que apurou a invasão de celulares de procuradores da Operação Lava Jato.  

O hacker disse que esteve cinco vezes no Ministério da Defesa, entrou pela porta dos fundos do prédio, e que se reuniu com o ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, além de servidores ligados a área de Tecnologia da Informação da pasta. 

Ainda segundo Delgatti, como a análise do chamado código-fonte da urna eletrônica só poderia ser feita na sede do TSE, os técnicos do Ministério da Defesa repassavam a ele as informações colhidas no tribunal. “Eles iam até o TSE e me repassavam o que eles viam, porque eles não tinham acesso à internet, eles não podiam levar uma parte do código; eles acabavam decorando um pedaço do código e me repassando”, explicou. 

Delgatti reforçou que o relatório das Forças Armadas foi integralmente orientado por ele. “Eu posso dizer hoje que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse, não tem nada menos e nada mais”, concluiu.

A reportagem procurou o Ministério da Defesa para comentar o tema e está buscando contato da defesa do general Paulo Sérgio Nogueira. O espaço segue aberto a manifestações. 

Informações: Agência Brasil

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