Morador de Araraquara, José Luis da Silva trabalhava como padeiro, há 23 anos, na cidade de Araraquara. O estabelecimento vivia uma crise, com atrasos e parcelamentos constantes de salários. A situação levou o jovem pai de família a aceitar a oferta de um “bico” para complementar a renda naquele fim de ano: vestir-se de papai Noel e atender crianças numa loja no centro da cidade.
Bastou vestir a tradicional roupa vermelha e os paramentos para incorporar a nova função. Com poucos dias sentado na tradicional poltrona, ouvindo pedidos de crianças e as manifestações carinhosas dos adultos, José Luis sentiu que nascia, ali, uma oportunidade singular de estar próximo das mais autênticas emoções humanas.
Desde então, a partir do mês de julho, ele deixa a barba crescer para chegar na reta final do ano de modo convincente. Funcionário do setor de combate à dengue da Prefeitura de Araraquara, o servidor utiliza o período de férias para se dedicar a essa missão: espalhar o espírito natalino em escolas, entidades, residências, shoppings e outros estabelecimentos comerciais.
Quem pensa que ele é movido pela remuneração é porque nunca conversou com o “bom velhinho”. Ele conta que ouve com atenção as manifestações das crianças, e não hesita em dedicar mais tempo quando recebe pedidos inusitados. “No momento em que estou com uma criança, mesmo numa fila de shopping, minha atenção é toda ao que ela tem para dizer”, conta. Em meio aos pedidos de brinquedos, bicicletas e celulares, não são raras as revelações de problemas familiares. “Há crianças que pedem emprego para o papai, outras que pedem que papai e mamãe parem de brigar. Nesse momento, eu me presto a ouvir e lançar uma palavra de apoio”.
Na presença do papai Noel, muitos adultos deixam aflorar a criança que carregam dentro de si. Ele lembra com emoção o caso da Dona Jandira, uma idosa especial que durante mais de 20 anos o procurava para tirar fotos. “A gente fazia uma grande festa… até que em 2022, já adoecida, fui eu que fui visita-la em casa no dia 23 de dezembro. No dia seguinte, véspera de natal, recebi a notícia de que ela havia morrido. Adiantei alguns compromissos, num dia de agenda lotada, para poder me despedir dela, no dia de natal. Entrei no velório vestido de Papai Noel, do jeito que ela gostava… foi um momento de muita emoção”, relembra, ainda emocionado.
Na entrevista concedida ao jornalista Luís Antônio, que você assiste abaixo, ele relembra outras histórias, defende que os adultos dediquem mais tempo às crianças e conta como é encarnar uma das figuras mais emblemáticas do natal:
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