O Teatro Municipal de Araraquara, o maior patrimônio histórico e cultural de Araraquara, reabre suas portas na próxima sexta-feira, dia 12 de abril, com uma extensa programação cultural gratuita, realizada pela Prefeitura de Araraquara, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundart, com apoio do Governo Federal, via Ministério do Turismo, e do Sesc.
O custeio da agenda de atividades para inauguração do Teatro Municipal conta com recursos do Ministério do Ministério do Turismo e recursos provenientes de emenda do deputado federal Vicentinho (PT-SP), no valor de R$ 300 mil.
O anúncio foi feito na sexta-feira (5), pelo prefeito Edinho Silva, em suas redes sociais. Ao lado da secretária municipal de Cultura, Teresa Telarolli, e do presidente da Fundart, Weber Fonseca, o prefeito destacou a importância da retomada das atividades culturais e artísticas no Teatro Municipal, após uma obra complexa, que praticamente reconstruiu o imóvel. Ele comentou toda a programação e a relevância dos artistas que compõem a agenda.
“Participem da programação especial de reabertura do Teatro Municipal, estou muito feliz com essa retomada. Foi uma obra muito difícil e complicada; refizemos uma nova estrutura. É um novo teatro que está sendo entregue à nossa população”, destacou.
A programação gratuita apresentada na live de Edinho nas redes sociais inclui o show musical “Chico Buarque – Um outro Olhar”, com NU’ZS Duo (dia 12); o espetáculo teatral “Nasci pra ser Dercy”, com Greace Gianoukas (dia 13); espetáculo visual de dança “Enquanto você voava, eu criava raízes”, com Cia. de Dança “Dos à Deux” (dia 14) e show musical com Leila Pinheiro (dia 15).
Todas as apresentações serão às 20 horas e os ingressos gratuitos serão distribuídos na bilheteria do teatro, a partir das 17 horas do dia da apresentação. Serão entregues até 2 convites por pessoa até esgotar a capacidade do local (400 lugares). Haverá telão com exibição simultânea das atrações no saguão do teatro.
A cerimônia de inauguração das obras de reforma do Teatro Municipal “Clodoaldo Medina” está prevista para o dia 12, às 18h30, no saguão do teatro, com a presença de autoridades. Logo em seguida, às 20h, ocorre a primeira atração artística, o show com NU’ZS Duo.
A obra
A complexa obra estrutural de recuperação e modernização do Teatro Municipal que está sendo entregue neste dia 12 de abril foi a primeira grande reforma que o Teatro recebeu em seus mais de 40 anos de existência. O investimento total foi de R$ 5.051.363,20.
Os trabalhos tiveram início em 2017, quando o prédio teve que ser interditado por estar em péssimas condições que impediam a sua plena utilização e por oferecer riscos à segurança dos seus funcionários, usuários e patrimonial. Os mais de 2 anos de pandemia de Covid-19 e, em seguida, as volumosas chuvas do final de 2022 provocaram atrasos e interrupção dos trabalhos.
Durante o período de obras, foi refeita toda a parte estrutural do teatro, com reforço da fundação, além de substituição da marcenaria, incluindo as portas, batentes, fechaduras e compensados; troca do mobiliário, instalação de louças e metais dos sanitários, instalação de projeto do revestimento acústico da plateia.
Também foram realizados instalação de equipamentos de iluminação cênica e sonorização, troca de vidros, implantação de projeto de combate a incêndio para atender exigências do Corpo de Bombeiros, incluindo revestimento com verniz anti chama no palco, além de dedetização e descupinização, impermeabilização da laje técnica e pintura.
O teatro recebeu ainda instalação de ar condicionado, troca do piso vinílico interno, instalações elétricas e hidráulicas, recuperação das escadas, pintura e outras intervenções de acabamento; paisagismo e recuperação do piso em pedra portuguesa na entrada, além de limpeza e outras melhorias na sala de espetáculos e outros pequenos reparos e adequações internas.
Vale destacar que a remodelação e a melhoria de todo o sistema de iluminação da Praça Lívio Abramo, incluindo a marquise do Teatro, foram feitas por meio do programa Ilumina Araraquara. O projeto de remodelação contemplou uma nova rede com instalações de 53 novos postes padronizados, equipados com 169 luminárias com tecnologia LED; a iluminação na marquise de acesso ao prédio do Teatro também foi revitalizada. Aqui, o investimento foi de R$ 315.897,00 (via CIP – Contribuição de Iluminação Pública).
História
Inaugurado em janeiro de 1977 pelo prefeito Clodoaldo Medina, o Teatro Municipal foi construído segundo o projeto arquitetônico de Arnaldo Palamone Lepre e Francisco Santoro, para substituir o antigo teatro, que ficava na Rua São Bento, onde hoje está o prédio da Prefeitura. Inaugurado em 1914, o antigo Teatro Municipal de Araraquara foi demolido em 1966.
O projeto do novo teatro, na Avenida Bento de Abreu, contou com o apoio do ator e diretor araraquarense Wallace Leal Valentin Rodrigues. O terreno do novo teatro pertencia ao INSS e foi trocado com a Prefeitura para a construção do espaço.
Desde 2014, o Teatro Municipal de Araraquara tem como patrono o ex-prefeito Clodoaldo Medina.
Confira mais sobre a programação que marca a reabertura do Teatro Municipal:
- Dia 12 – “Chico Buarque – Um outro Olhar”, com NU’ZS Duo
O show musical “Chico Buarque – Um outro Olhar”, com NU’ZS Duo, formado pelo músico Max Silva e pela cantora e compositora Marcê Porena, abre a programação do dia 12 (sexta-feira). A dupla vem se destacando no cenário musical pela sua originalidade e por introduzir elementos eletrônicos, pop e teatrais, dentro de clássicos e canções populares.
O Brasil de Chico Buarque, neste show do NU’ZS Duo, ganha um novo olhar: visceral, pop, original e contemporâneo, com arranjos e interpretações que proporcionam ao público uma nova viagem musical, poética e de sensações.
Neste show, 22 canções de Chico Buarque são divididas em 2 atos, sendo o I ato, com arranjos que passeiam pela linguagem da música eletrônica e o II ato mais intimista, com versões com guitarra e voz, revisitadas pelo NU’ZS Duo.
O duo foi criado em 2018, quando surge a necessidade dos artistas se reinventarem e adotarem o nome NU’ZS Duo, que tem sua origem em “nudez, despir-se, reinventar-se”, estar livre para experimentar o novo.
- Dia 13 – “Nasci pra ser Dercy”, com Greace Gianoukas
O premiado monólogo “Nasci pra ser Dercy”, estrelado por Grace Gianoukas e escrito e dirigido por Kiko Rieser, presta uma homenagem a Dercy Gonçalves, artista que rompia padrões e inaugurou uma representação genuinamente brasileira nos palcos brasileiros.
O texto busca unir o apelo popular e o carisma de Dercy através de uma profunda pesquisa: a peça mostra a importância, muitas vezes ignorada, da atriz para o teatro brasileiro e para a liberdade feminina, bem como sua inquestionável singularidade.
Desbocada e defensora da mais profunda liberdade, era muito recatada em sua vida íntima, chegando a se casar e enviuvar anos depois ainda virgem. Contestava frontalmente a censura da ditadura militar, mas se recusava terminantemente a levantar bandeiras políticas específicas que não fossem a da irrestrita liberdade e do respeito a todas as formas de existir.
A atriz se consagrou como vedete do Teatro de Revista, mas sua maior contribuição ao teatro brasileiro se deu ao levar essa expertise para a comédia popular, que ela revolucionou inteiramente, trazendo textos fundamentais para o Brasil e instaurando uma nova forma de interpretar, que rompia com todos os padrões e inaugurava nos palcos uma representação genuinamente brasileira. Amada por quase todo o país, Dercy Gonçalves é uma figura largamente reconhecida, mas pouco conhecida de fato.
“Dercy Gonçalves é retratada quase sempre como apenas uma velha louca que falava palavrão”, fala Kiko Rieser, que no texto procura revelar ao público a mulher grandiosa e complexa que ela foi. “Uma atriz vinda do teatro de revista que recriou a comédia brasileira. Uma mulher que era chamada de puta, mas que casou e enviuvou virgem, iconoclasta e devota, libertária mas avessa a qualquer bandeira, inclassificável e singular”, completa o autor.
- Dia 14 – “Enquanto você voava, eu criava raízes”, com Cia. de Dança “Dos à Deux”
A Cia. de Dança “Dos à Deux” apresenta o espetáculo “Enquanto você voava, eu criava raízes”, com a narrativa visual de dois corpos se fundem e se perdem em uma relação precisa entre imagens, fisicalidade, virtuosidade e poesia.
Em cena, nenhuma palavra é dita. Nesse navegar por várias linguagens, os significados também se apresentam diversos e chegam ao público em camadas múltiplas e plurais. Entre sonho e realidade, somos apenas um emaranhado de sombras e luzes, diante do imensurável, da imensidão e do mistério do abismo. É um espetáculo sensorial e nos toca ao tratar de múltiplos medos “espaços íntimos de sensações”, como disseram os criadores André Curti (este de Araraquara) e Artur Luanda Ribeiro.
O corpo é o guia da partitura e a fonte de leitura do trabalho. As cenas se completam e transitam entre o onírico e a realidade para tratar de um tema que acompanha o ser humano ao longo de sua vida, o medo e sua transformação. “Para mim, nesse espetáculo, ficamos na beira do abismo desde o início”, diz André. “São os abismos que temos dentro de nós, essa sensação de vazio permanente, de que há algo dentro se abrindo e um outro eu está caindo dentro de si”, completa Artur.
Nos estranhamos tanto a ponto de nos perdermos no próprio reconhecimento? As imagens são marcadas pela dor e pesar, mas ainda assim há um caminhar, seguir em frente.
- Dia 15 – Grande show com Leila Pinheiro
Intérprete de repertório vasto, a cantora, pianista e compositora Leila Pinheiro, vem tocando e cantando, em seus 43 anos de carreira, o riquíssimo e infinito cancioneiro brasileiro através de seus incontáveis e geniais compositores e poetas.
Em um encontro íntimo e ao mesmo tempo vigoroso, de sua voz e piano com o cavaco de 5 cordas e guitarra baiana do grandioso músico petropolitano, radicado no Rio de Janeiro, João Felippe, Leila faz um passeio pelo melhor da MPB, sambas e bossas, tocando e cantando pérolas de compositores geniais, como: Chico Buarque, Ivan Lins, Gonzaguinha, Guilherme Arantes, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Roberto Menescal e de compositoras como Zélia Duncan, Marina Lima, Dona Ivone Lara – dentre outras.
No show, há ainda espaço para canções de carreira da Leila como “Verde” e “Besame”. Além de algumas surpresas preparadas especialmente para o evento.
Para os amantes da boa e eterna música popular brasileira, na voz única de Leila Pinheiro, é daqueles shows de cantar e se emocionar do início ao final e jamais esquecer. Leila Pinheiro não se apresenta em Araraquara desde abril de 2022, quando realizou, com ingressos esgotados, seu show solo no teatro do Sesc na cidade.